ATA DA SEPTUAGÉSIMA SESSÃO
ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM
29.06.1987.
Aos vinte e nove dias do mês
de junho do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Septuagésima Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona
Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt,
Artur Zanella, Aranha Filho, Auro Campani, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha,
Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa,
Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn,
Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Mano José, Kenny Braga, Lauro
Hagemann, Luiz Braz, Nilton Comin, Paulo Satte, Paulo Sant’Ana, Pedro Ruas,
Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray e Flávio Coulon. Constatada a
existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou ao Ver. Clóvis Brum que procedesse à leitura de trecho a Bíblia. A
seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas das Décima Primeira,
Décima Segunda, Décima Terceira e Décima Quarta Sessões Extraordinárias, que foram
aprovadas. Ainda, o Sr. Secretário procedeu à leitura a Ata da Sexagésima Nona
Sessão Ordinária. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Artur Zanella, 01 Pedido
de Informações, acerca do fluxo de veículos que atualmente usam a Av. Luís
Englert, seus reflexos na flora e fauna ali existentes e estudos alternativos
para desvio deste fluxo de trânsito daquele local; pelo Ver. Ennio Terra, 02
Pedidos de Providências, solicitando reposição de luminária queimada na Rua Dr.
Pereira da Cunha, esquina Rua Capitão Pedro Werlang; substituição de luminária
queimada na Rua Capitão Pedro Werlang,
esquina Rua Dr. Pereira da Cunha; pela Verª Gladis Mantelli, 01
Indicação, sugerindo ao Sr. Governador do Estado que, através da CRT, seja
instalado um telefone comunitário na Vila Farrapos, Quadra 38, Casa 31. Do
EXPEDIENTE constaram: Ofício do Sr. João Severiano; Carta da Sra. Presidente da
Associação Sul-Riograndense de Taquígrafos, nesta Capital; Decreto n° 5027/87,
da Prefeitura Municipal de Niterói, RJ; Cartão do Sr. Aldo Malagoli. Na
ocasião, foi solicitado, pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, cópia da Ata da
Sexagésima Nona Sessão Ordinária. A seguir, foi aprovado Requerimento oral do
Ver. Clóvis Brum, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos. A seguir,
constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão
Geral e Votação Secreta, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n° 29/87,
por vinte e cinco votos SIM contra quatro votos NÃO, tendo sido discutido pelos
Vereadores Clóvis Brum, Jorge Goularte, Mano José, Raul Casa, Cleom Guatimozim
e Antonio Hohlfeldt e tendo sido escrutinadores os Vereadores Hermes Dutra,
Pedro Ruas e Jorge Goularte. O Projeto de Lei do Executivo n° 29/87 foi
submetido à votação secreta à Requerimento oral, aprovado, do Ver. Luiz Braz,
encaminhado à votação pelo Ver. Paulo Sant’Ana. Na ocasião, o Sr. Presidente
respondeu Questões de ordem dos Vereadores Caio Lustosa, Hermes Dutra e Antonio
Hohlfeldt, acerca da regimentalidade da votação do Projeto de Lei do Executivo
n° 29/87. Ainda, foi aprovado Requerimento oral do Ver. Antonio Hohlfeldt,
solicitando que o procedimento de votação secreta adotado para o Projeto de Lei
acima referido seja adotado também para os Projetos e Lei do Executivo nos
76; 15 e 16/87. Em Discussão Geral e Votação, Urgência, foram aprovados o
Projeto de Lei do Executivo n° 37/87, discutido pelos Vereadores Rafael Santos,
Luiz Braz, Artur Zanella, Nilton Comin e Aranha Filho e encaminhado à votação
pelos Vereadores Lauro Hagemann, Mano José, Jorge Goularte e Pedro Ruas;
Projetos de Lei do Legislativo nos 43; 33/87. Em Discussão Geral e
Votação Secreta, foram aprovados os Projetos de Lei do Executivo nos
76/87, por vinte e sete votos SIM contra um voto NÃO e um em BRANCO, tendo sido
escrutinadores os Vereadores Jorge Goularte e Hermes Dutra; 16/87, por vinte e
três votos SIM contra quatro votos NÃO, tendo sido discutido pelos Vereadores
Caio Lustosa, Artur Zanella e Flávio Coulon e tendo sido escrutinadores os
Vereadores Nilton Comin e Kenny Braga; 15/87, por vinte e dois votos SIM contra
cinco votos NÃO, tendo sido escrutinadores os Vereadores Luiz Braz e Jaques
Machado; 34/87, por trinta votos SIM contra um voto em BRANCO, tendo sido
discutido pelos Vereadores Artur Zanella, Caio Lustosa, Nilton Comin, Adão
Eliseu, Jussara Cony, Paulo Sant’Ana e Pedro Ruas e tendo sido encaminhado à
votação pelos Vereadores Aranha Filho, Clóvis Brum, Mano José, Cleom
Guatimozim, Jorge Goularte e Lauro Hagemann e tendo sido escrutinadores os
Vereadores Hermes Dutra e Mano José. Em Discussão Geral e Votação foram
aprovados os Projetos de Lei do Legislativo nos 27; 26/87. Em
Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Executivo n° 63/86 que
após ter sido discutido pelos Vereadores Artur Zanella, Flávio Coulon e Frederico
Barbosa, teve sua discussão e votação adiadas por três Sessões a Requerimento,
aprovado, do Ver. Cleom Guatimozim, encaminhado à votação pelo Ver. Frederico
Barbosa. Na ocasião, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Artur Zanella, acerca da ordem de
discussão dos projetos constantes da Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação
esteve o Projeto de Lei do Executivo n° 33/87, discutido pelos Vereadores Luiz
Braz, Caio Lustosa e Hermes Dutra, o qual deixou de ser votado em face do
término do horário regimental da presente Sessão. Durante a Ordem do Dia, foram
aprovados os seguintes Requerimentos solicitando dispensa de distribuição em
avulsos e interstícios para suas Redações Finais, considerando-as aprovadas
nesta data: do Ver. Cleom Guatimozim, em relação aos Projetos de Lei do
Executivo de nos 76; 86/86; 29; 37; 76; 34; 15; 16/87; da Verª
Gladis Mantelli, em relação ao Projeto de Lei do Legislativo n° 27/87; do Ver.
Jorge Goularte, em relação ao Projeto de Lei do Legislativo n° 26/87; da Verª
Teresinha Irigaray, em relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 43/87; do
Ver. Raul Casa, em relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 33/87. Os
trabalhos foram prorrogados nos termos do “caput” do art. 85, por proposta do
Sr. Presidente, aprovada pela maioria dos Parlamentares presentes. Às vinte
horas e quinze minutos, esgotado o prazo regimental da presente Sessão, o Sr.
Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos
pelos Vereadores Teresinha Irigaray, Luiz Braz e Gladis Mantelli e
secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli, Jaques Machado e Pedro Ruas, o
último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sra. Presidente, baseado no
art. 76 do R.I., solicito cópia da Ata da 69ª Sessão Ordinária.
A SRA. PRESIDENTE: Será providenciada a cópia
para V. Exa.
O SR. CLÓVIS BRUM: Para um Requerimento, Sra.
Presidente.
A SRA. PRESIDENTE: V. Exa. tem a palavra,
Vereador.
O SR. CLÓVIS BRUM: Solicito a inversão da ordem
dos trabalhos.
A SRA. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
A seguir,
passaremos à
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA
(Adiada por 01 Sessão)
PROC. 1048 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 029/87, que Cria e Extingue Cargos
de Provimento Efetivo, Cargos em Comissão e Funções Gratificadas no
Departamento Municipal de Água e Esgotos e dá outras providências.
Observação:
- Incluído na Ordem do Dia por força do artigo 44 da Lei Orgânica Municipal.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. Com a palavra, o Ver. Flávio
Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, este é um dos projetos em que entendo que a evocação do art. 44 vem
em muito boa hora, pois trata-se de matéria de relevante importância para um
grupo grande de servidores da Prefeitura e que, evidentemente, não poderíamos
perder mais um mês discutindo ou, ainda, não discutindo este assunto. Em
primeiro lugar, cumprimento os funcionários do DMAE pela aprovação o Projeto.
Quando me informam que as Lideranças do PDT já informaram que apoiarão o
Projeto, isso significa que o Sr. Prefeito já mandou aprovar o Projeto. Então,
como sempre acontece aqui, na Casa, ele será aprovado. De modo que, de antemão,
cumprimento os ilustres servidores do DMAE pela conquista que data de quatorze
anos.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Perguntaria a V. Exa. como V. Exa. vota e se o
Prefeito lhe deu ordem?
O SR. FLÁVIO COULON: Sou do PMDB. Não sei porque
V. Exa. entrou na briga, já que V. Exa. é independente e o Prefeito não manda
em V. Exa.
O que estranho
- e aqui coloco - é que no dia em que o Projeto correu Pauta, quando foi
atacado, sob alegação de que seria um “trenzinho de alegria”, nenhum dos
Vereadores do PDT presentes levantou uma palavra em defesa do Projeto. Mas um
Vereador do PMDB foi atrás das informações para saber o que realmente existia.
Fui porque, de antemão, conhecia o DMAE. O DMAE não é um órgão do PDT, PFL,
etc., e sim um órgão da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que está acima
dos partidos. Tem uma composição funcional acima dos partidos, assim como
gostaria que toda a administração pública fosse. Não é Administração PDT. Isso
vem de muito tempo, até passou pela ditadura, sendo uma das poucas coisas de
bom da ditadura, em vista da qualidade do pessoal que lá está. Diga-se de
passagem, não se precisou olhar esse Projeto. Apenas preciso foi saber quem é o
Diretor-Geral: Carlos A. Petersen, do PDT. Precisou saber que o Eng° Zingano
avalizava esse Projeto e mais nada, tamanha é a confiança que nós, do PMDB da
Cidade, temos nos quadros técnicos do DMAE.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não foi o que disse hoje, pela manhã, quando atacava
o DMAE porque não fazia obras no Município. V. Exa. dizia isto quando o Ver.
Cleom Guatimozim falava da tribuna. V. Exa. é oportunista, e está aproveitando,
querendo deixar mal certos Vereadores. Mas as pessoas que estão aqui conhecem o
seu posicionamento.
O SR. FLÁVIO COULON: V. Exa., em primeiro lugar,
confunde Flávio Coulon com outro Vereador. Em segundo lugar, V. Exa. está
perturbado com aquelas emendas que apresentou ao Plano Diretor. E estão de
prova os funcionários do DMAE que passaram a manhã aqui, e vão dizer se Flávio
Coulon, este Vereador de barba, dito simpático pelo nobre Líder do PDT, se ele
falou no DMAE alguma vez aqui.
Mas, como sou
“oportunista”, porque hoje tem gente do DMAE aqui vou repetir o discurso que
fiz quando o DMAE foi atacado aqui. (Lê.)
“Venho a esta
tribuna trazer os devidos esclarecimentos a respeito do Projeto de Lei do
Executivo n° 029/87, que Cria e Extingue Cargos de Provimento Efetivo, Cargos
em Comissão e Funções Gratificadas no Departamento Municipal de Água e Esgotos
e dá outras providências, alvo de algumas considerações precipitadas, feitas
nesta tribuna, há alguns dias atrás.
1. O organograma do DMAE
data de 1973, ou seja, de 14 anos atrás, ao longo dos quais sofreu leves
adaptações emergenciais.
2. Parte agora o DMAE para
uma atualização desse organograma, dentro de uma visão gerencial onde se impõe
a dinamicidade organizacional. Além disso, paralelamente a essa modernização,
proceder-se-á a uma adaptação da situação funcional e organizacional do DMAE de
fato para a de direito.
3. Essa adaptação levou à
criação de 33 cargos de provimento efetivo no quadro daquele Departamento, mas,
em contrapartida, levou à extinção de nada menos que 189 cargos considerados,
dentro da nova realidade, desnecessários.
É evidente que
a extinção de nada menos que 156 cargos, com vencimentos e vantagens,
representará uma ponderável economia para o Município.
4. Ao contrário do que aqui
foi dito, não cria o projeto 109 CCs nem 315 novas FGs; aumenta-as em 27 e 94,
respectivamente.
Se
raciocinarmos em números absolutos, considerando que os CCs podem, no máximo,
perfazer 30% do salário e as FGs 20%, a economia com a extinção de 156 cargos
continua ainda muito grande e favorável.
5. Além do mais, das 94
novas FGs criadas para se manter uma certa hierarquia e para estimular as
chefias, 60 delas serão destinadas a funcionários de nível médio, capatazes e
operários.
6. Em grandes linhas, o novo
organograma do DMAE prevê:
6.1. A
Superintendência de Engenharia será subdividida em duas superintendências:
Operações e Desenvolvimento;
A
Superintendência de Administração Econômica também foi subdividida em duas:
Apoio e Administração.
Aqui a
explicação de por que houve aumento de 2 para 4 FGs de Superintendente.
6.2. Foi
regularizada a situação do Serviço de Tratamento e do Serviço de Instalações e
Medições, que passaram a ser, respectivamente, Divisão de Tratamento e Divisão
de Instalações, adaptando-se a uma situação de fato já testada na prática. Além
disso, foi elevado o nível funcional de duas assessorias - Planejamento e
Jurídica - que passaram, também, para Divisão.
Isso explica o
aumento de 10 para 14 FGs de Diretor/Coordenador.
6.3. Para
atender os Projetos Especiais e Transitórios do DMAE, do tipo ‘Rio Guaíba’,
‘Atendimento de vilas’, foi prevista, para atender situações de fato e para
ficar como reserva, a criação de gerência de três níveis, diferenciados segundo
a qualificação dos projetos. Acrescente-se que essas FGs se destinam a
profissionais de nível superior deslocados para qualquer tipo de projeto de
interesse para a comunidade.
Explica-se
assim a criação de 2 FGs de Gerente de Projeto III, o aumento de 2 para 5 das
FGs de Gerente de Projeto II e I.
6.4. O novo
organograma prevê uma descentralização da operação e do tratamento, que
passarão a constituir as Distritais de Água Norte, Sul e Centro, bem como as
ETEs e ETAs Norte, Sul e Centro, num louvável esforço de melhor atender a
população com custos cada vez mais reduzidos.
Essa
descentralização explica porque há necessidade de se aumentar de 48 para 86 e
de 107 para 157 de FGs de Chefe de Seção/Equipe e Chefe de Setor/Núcleo,
respectivamente.
6.5.
Finalmente, como decorrência da própria modificação do organograma, surge a
necessidade de se aumentar o número de Oficiais de Gabinete, de 3 para 6.”
Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, é com a maior tranqüilidade que, sabendo de minhas
responsabilidades com Vereador de oposição, venho a esta tribuna, fazendo as
vezes de um Vereador de situação, para defender a aprovação deste Projeto que
interessa ao DMAE e que interessa à população de Porto Alegre.
Os técnicos e
funcionários do DMAE que elaboraram essas modificações têm um reconhecido
passado de amor ao Departamento Municipal de Água e Esgotos, à causa pública e
a esta Cidade: a aprovação deste Projeto se impõe como tributo desta Casa a
esse trabalho e se impõe, sobretudo, pela honestidade de propósitos que norteou
a sua elaboração. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira
discutir, para encaminhar, o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, efetivamente foi este Vereador quem primeiro levantou a discussão
sobre este Projeto, Projeto encaminhado pelo Prefeito Municipal em pleno
período de greve dos funcionários municipais. Naquela oportunidade, discutíamos
a inoportunidade do envio da mensagem do Sr. Prefeito Municipal, quando os
funcionários municipais lutavam por melhores condições salariais. De resto,
Sra. Presidente, não escutei a posição dos demais integrantes de minha Bancada,
mas em contato que mantive anteriormente e com uma série de informações que me
prestou o Sr. Diretor do DMAE, quero dizer que vou votar favoravelmente ao
Projeto e a Bancada está liberada para a votação, dando a cada Vereador a sua
livre iniciativa de votar a favor ou contra. Particularmente, votarei
favorável. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encaminha pelo PL, o Ver.
Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, o Sr. Prefeito Municipal não mandou que votássemos favoravelmente a
este Projeto, muito pelo contrário, o recado do Sr. Prefeito é para que se vote
contra. O recado é dado através do seu Secretário de Administração, que julga
todo e qualquer voto desta Casa a funcionários como “trenzinho”. Através dele,
o Poder Executivo dá recados contrários, faz gols contra. Mas, mesmo assim,
para que possamos demonstrar que o que importa para Porto Alegre, o que é
positivo, independente da opinião de alguns, é o bem-estar da maioria. E, no
que tange aos funcionários do DMAE, este Projeto é altamente meritório, é
importante para uma organização exemplar como é o DMAE, um órgão municipal que
nunca foi deficitário e que tem uma vida própria, pela capacidade de seus
técnicos, dirigentes, diretores e funcionários. Mas que fique este recado ao
Secretário de Administração, que perdeu ema boa hora de ficar calado. Ele
ficando quieto já é uma grande coisa, já está ajudando. Se fala, ele só diz
besteira. Então, é bom que fique quieto, para não prejudicar os projetos futuros.
O PL, através de seu Líder, votará favoravelmente a este Projeto, porque o DMAE
necessita destas modificações, é uma reclassificação interna e altamente
positiva. E, independente dos pareceres extemporâneos, desnecessários e
despiciendos do Sr. Gabriel Fadel, nós votaremos favoravelmente. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encaminha pelo PDS, Ver.
Mano José.
O SR. MANO JOSÉ: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, este
Projeto de reestruturação do DMAE, do ponto de vista da Bancada do PDS é justo,
necessário àquele Departamento e, especialmente, à população de Porto Alegre.
Uma cidade dinâmica como Porto Alegre, uma cidade que cresce e exige que o
órgão que fornece água a esta mesma cidade se atualize em termos estruturais e
funcionais, para que bem possa continuar a servir a população de Porto Alegre.
Por isto a Bancada do PDS, por nosso intermédio, deixa claro aqui que não
recebeu nenhum pedido do Sr. Prefeito, que não recebeu nenhum pedido nem sequer
do Diretor-Geral do DMAE, que é amigo de todos os Vereadores da Bancada, mas
estudou, conversou, e este Vereador, particularmente, conversou com alguns
funcionários do DMAE a respeito do organograma, a respeito das suas
necessidades, a respeito das necessidades do Departamento de aquinhoar a quem
está desempenhando uma função de fato, que desempenhe também sua função de
direito. Justo, portanto, aquilo que propõe o Diretor-Geral do DMAE, Dr. Carlos
Petersen. Por isto votaremos favoravelmente, esperando que não só a Bancada do
PDT, mas os demais Vereadores que estudam a matéria, que vêm para a Casa e que
formam sua consciência a respeito de cada matéria, possam oferecer seu voto
favoravelmente à aprovação deste Projeto. Este é o nosso posicionamento e da
nossa Bancada, o PDS. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encaminha pelo PFL, Ver.
Raul Casa.
O SR. RAUL CASA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, seria
apenas repetitivo ao dizer que a Bancada do PFL, por sua Liderança, vota a
favor da modernização, não apenas de órgãos que integram a estrutura municipal.
A Bancada do PFL, que estudou com profundidade este Processo, que participou
exaustivamente de sua análise, vê neste Projeto uma forma de modernizar a
estrutura administrativa de nossa Cidade. Imaginávamos, como disse o Ver. Jorge
Goularte, que as dificuldades estariam localizadas, como estão, na Secretaria
da Administração, onde todo o tipo de tentativa de modernização, de
reestruturação, de ampliação funcional sofre entraves, protelações e engavetamentos.
Fica, pois, a
palavra do PFL, que por tradição e coerência vota por uma nova vida funcional,
administrativa e de prestação de serviços para a nossa Cidade, através da
reestruturação de um órgão que tem à frente um engenheiro que merece não apenas
o respeito e a consideração desta Casa, mas merece o nosso acatamento.
Portanto, fica
aqui o nosso registro, sem maiores delongas, dizendo que a tradução do nosso
posicionamento, embora dito de forma modesta, humilde e sem maiores retóricas,
é a favor deste Projeto, porque ele ajuda o DMAE e ajuda Porto Alegre, como
outros projetos que se votaram nesta Casa, que ajudam Porto Alegre. Espero,
apenas, que não caia sobre nós a pecha de que estamos votando com outros
interesses. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Para encaminhar pelo PDT, a
palavra com o Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, fico feliz em verificar que as Lideranças que me antecederam nesta
tribuna mostraram um conhecimento profundo das necessidades da aprovação do
Projeto que ora estamos discutindo,
pelos motivos mais diversos, que vão desde a necessidade de que o DMAE
cresça para atender melhor as necessidades da nossa Cidade, que apesar de um
censo errado é uma cidade com muito mais de 1 milhão e 300 mil habitantes,
exigindo cada vez mais dos órgãos públicos uma administração que permita uma
atuação melhor aos interesses da população. Ora, se não pudesse o Prefeito
Municipal estender ao DMAE essa modernização, fazendo com que esses
funcionários, nas mais diferentes funções, fossem aproveitados, teríamos,
então, dificuldades inúmeras de um material humano que podemos aproveitar, como
funcionários que no momento já integram a Casa, que querem fazer carreira no
serviço público e, ao mesmo tempo, atender ao serviço público.
Estou feliz em
saber que os Líderes que me antecederam conhecem o problema, compreendem aquele
lado humano. Sabemos que temos funcionários não só no DMAE, mas em toda a
Administração - profissionais liberais que ocupam cargos administrativos. Nós
sabemos das facilidades dos concursos internos.
Temos certeza
de que este Projeto será aprovado, talvez até por unanimidade da Casa. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt, pelo PT.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, a evocação do art 44, por parte da Liderança do PDT, uma vez mais
impede o aprofundamento das discussões em torno de projetos importantes como
esse. Nesse sentido, numa questão de confiança absoluta, nós vamos nos orientar
pela análise feita pelo nobre Ver. Flávio Coulon que, no nosso entender, é das
pessoas, aqui do Plenário, que mais conhece o assunto, e cuja análise realmente
foi bastante ampla, e isso já há tempos. Agora, queremos deixar registradas
aqui as nossas dúvidas em algumas questões, para que não se diga que passaram
em julgado. Por exemplo, acho extremamente importante e positivo que
funcionários graduados do DMAE aqui estejam; agora, estranho que operários do
DMAE não tenham sido liberados para também aqui estarem presentes, acompanhando
este trabalho. (Aparte anti-regimental.) O companheiro se identifica lá como
operário do DMAE, então, menos mal. Seria muito bom que eles até estivessem
identificados, porque nos poderia facilitar. Acho positivo, então, que eles
também aí estejam. Obrigado companheiro! Mas, eu fico com dúvidas, por exemplo,
em relação ao art. 1º: para que servirão 3 cargos de Operador de Artes
Gráficas? Eu gostaria de ter tido chance dessa explicação. Acho positivo que se
criem, através de concurso, 5 cargos de Técnico em Comunicação Social, mas
quero manter o meu protesto da discriminação - que não é do DMAE, vamos deixar
bem claro, é do Plano de Carreira da Prefeitura Municipal - entre o Técnico de
Comunicação Social, que está no nível 31, em relação a Arquitetos, Engenheiros
e outros técnicos científicos, que ficam no nível 32, quando o preparo dos
Técnicos em Comunicação Social, como o de Bibliotecários, por exemplo, é o
mesmo. Não sei porque eles ficam no 31 e os demais no 32. Não é uma
discriminação do DMAE, repito, mas, sim, do quadro da Prefeitura Municipal e
eu, como Jornalista, mantenho o protesto por entender que o nível de preparo é
o mesmo. Preocupa-me igualmente que, pelo art. 4°, tenham extinguido 189 CCs e
FGs, mas no 5° criam bem mais que 189 cargos. Não estou colocando em
questionamento em si o problema. O questionamento é a falta de oportunidade de
termos tido maior explicação. Evidentemente, a nossa decisão, apesar dos senões,
até com restrições, para votarmos a favor do Projeto, decorre de duas questões,
as quais friso. A primeira é o respeito absoluto que temos pelo profissional
que é hoje o Diretor-Geral do DMAE, que tem recebido indiferentemente todos os
Vereadores, que tem buscado encaminhar, com absoluta lisura, as questões que
lhe levamos, quer sejam reivindicações, quer sejam reclamações. Esse é o motivo
pelo qual o Dr. Petersen nos merece respeito. O segundo, o comportamento que
não pode ser esquecido: no episódio recente da greve dos funcionários públicos
municipais, o DMAE foi o setor da Administração que menor pressão fez, que
maior respeito demonstrou com relação aos funcionários, sobretudo dos
operários, na sua decisão de reivindicação através da greve. Por estes dois
motivos: pelo respeito à coerência de um companheiro que, embora em outra sigla
partidária, tem sabido manter a dignidade do cargo e da função, bem como tem
sabido prestar serviços à Cidade num setor tão sensível como é o serviço de
água e esgotos, mesmo tendo dúvidas, sobre as quais vamos conversar com o Dr.
Petersen e sobre as quais deixamos os nossos registros aqui, para que fiquem
Anais da Casa, damos um voto de confiança à administração do Dr. Petersen,
porque acho que ele fez por merecer com sua equipe até o momento. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encerrado o período de
encaminhamentos, passamos à votação.
O SR. CLÓVIS BRUM: Para um Requerimento.
(Assentimento da Presidência.) Sra. Presidente, requeiro votação nominal.
A SRA. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do
Ver. Clóvis Brum. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
O SR. LUIZ BRAZ: Quero esclarecer à Presidência que, como se
trata de vantagens a funcionários, a votação deve ser secreta.
A SRA. PRESIDENTE: Já foi estudado pela Mesa e
não há vantagens a funcionários, só extingue e cria funções.
O SR. LUIZ BRAZ: Digo a V. Exa. que os outros projetos que
foram votados aqui, que de repente pode passar pela interpretação de que cria vantagens... Quero dizer que os
outros projetos votados nesta Casa, que podem dar interpretação de vantagens a
funcionários, todos eles foram votados por votação secreta.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa entende que não cria
vantagens, mas submete ao Plenário o argumento do Ver. Luiz Braz, para que seja
feita votação secreta ou não.
Para
encaminhar o pedido do Ver. Luiz Braz, com a palavra o Ver. Paulo Sant’Ana.
O SR. PAULO SANT’ANA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, não quero tomar muito tempo, mas apenas para uma opinião sobre o
impasse criado. É evidente que se criarmos trezentas e tantas funções, o que é
evidente que a Prefeitura está criando com este Projeto, e a Câmara aprovará ou
rejeitará, mais de trezentas funções gratificadas... E como já disseram outros
Vereadores, para o melhor desenvolvimento dos serviços do DMAE, mas também
serão estímulo para os funcionários. Aliás, me parece cristalina a criação de
vantagens para os seus funcionários. Então, a votação é secreta. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sra. Presidente, para que
nós ganhássemos tempo, eu gostaria que se levasse em conta que a decisão em
torno desse Processo fosse aplicada nos Processos 598 e 597, porque igualmente
fazem reestruturação em órgãos e autarquias municipais. É exatamente a mesma
questão. E eu me junto ao nobre Ver. Paulo Sant’Ana e ao Ver. Luiz Braz, nós
não inventamos essa regra, mas entendemos que, uma vez levantada nas últimas
semanas na Casa, até por uma garantia para os Srs. Funcionários e até porque me
parece que a votação é pacífica, neste caso, seria de bom alvitre. Essa é a
minha posição, favorável à votação secreta.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa acolhe a Questão de
Ordem do Ver. Antonio Hohlfeldt e submete ao Plenário.
O SR. CAIO LUSTOSA (Questão de Ordem): Sra. Presidente, só para me
rebelar, claro que o Plenário é soberano, mas o que está no Regimento Interno
está acima da decisão episódica do Plenário a cada vez que surgem essas
questões. Está claro no Regimento que, em se tratando de vantagens, tem que ser
votação secreta. Se o Plenário não quiser que seja assim, então faça uma
modificação do Regimento Interno. Então a Mesa não tem que colocar em votação,
data vênia.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa quer agir democraticamente,
Ver. Caio Lustosa, aceitando a decisão livre e soberana do Plenário.
O SR. CAIO LUSTOSA: Sim, mas a liberdade tem que
ser pautada pela Lei, porque senão, a cada momento, nós vamos estar decidindo
coisas diferentes.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sra. Presidente, eu entendo
que quando o Regimento fala em vantagem, ela é dirigida a um, a vários, ou a
todos os funcionários públicos. Quando se vota um aumento, está se dando
efetivamente uma vantagem. Agora, criar cargos, mesmo que criar Funções
Gratificadas, não se constitui genericamente, pois não se sabe nem quem são os
beneficiados. Genericamente não está criando uma vantagem a determinado
funcionário. Razão pela qual entendo que ela pode ser aberta. Agora, o Plenário
é soberano na decisão.
A SRA. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn, a Mesa
já aceitou a decisão e afirma a disposição de fazer a votação secreta. Qualquer
coisa em contrário, existe a Comissão de Justiça da Casa.
O SR. HERMES DUTRA (Questão de Ordem): Acho que V. Exa. agiu corretamente.
Interpretou o Regimento conforme o próprio Regimento. Se alguém discorda desta
interpretação da Mesa, que recorra à Comissão de Justiça. Assim diz o
Regimento.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa agradece a V. Exa..
Passamos à votação secreta.
(Votaram 29 Vereadores: Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Bernadete Vidal, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Flávio Coulon, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani, Kenny Braga e Artur Zanella.)
A SRA. PRESIDENTE: Vinte e cinco votos SIM e quatro votos NÃO. APROVADO o PLE n°
028/87.
(Obs.: Foram escrutinadores os Vereadores Jorge Goularte, Hermes Dutra e Pedro Ruas.)
A SRA. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento
do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando seja o PLE n° 029/87 dispensado de
distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 1401 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 037/87, que autoriza a abertura de
crédito suplementar no valor de Cz$ 54.000.000,00 e dá outras providências.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Com a
palavra, o Ver. Rafael Santos.
O SR. RAFAEL SANTOS: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, por ocasião da greve dos funcionários municipais, nas inúmeras
reuniões ocorridas no Salão Nobre da Prefeitura, o Sr. Prefeito Municipal
alegava a impossibilidade de atender as reivindicações do funcionalismo
municipal, sob a alegação de que comprometeria mais de 100% do Orçamento
Municipal. Naquela oportunidade, alguns Vereadores e especialmente as
lideranças da AMPA diziam, afirmavam que, com a inflação galopante deste
primeiro semestre, a arrecadação municipal seria muito acima da prevista no
Orçamento de 1987. E a Sra. Secretária da Fazenda argumentava que isto não
seria verdade, porque nós estávamos na presença de uma recessão, e que não
haveria esta arrecadação prevista pelas entidades que pleiteavam o aumento do
funcionalismo público. Mas, como diz um velho ditado, “nada como um dia após o
outro com uma noite de permeio”. Aqui está o primeiro, seguramente, de uma
série de outros processos que virão no 2° semestre para esta Casa, autorizando
uma abertura de crédito suplementar no valor de 54 milhões de cruzados, ou seja,
54 bilhões de cruzados antigos, para o DMLU, oferecendo, como recurso, parte do
excesso de arrecadação apurada. Isso significa que há uma arrecadação apurada a
maior, já agora, bem superior a 54 milhões de cruzados. Nada contrário a que se
abra esse crédito suplementar. Na realidade, o DMLU é visivelmente deficitário
e necessita de uma suplementação que, segundo nos informa o próprio Diretor do
DMLU, parte dela até para solucionar o problema de pagamento de suas folhas de
pagamento e serviços de terceiros, que no caso do DMLU é pessoal. Eu apenas
quis registrar o fato de que há, realmente, arrecadação a maior no Município e
uma arrecadação a maior substancial, não é pouca coisa que o Município está
arrecadando a mais, o que confirma o que pleiteavam os munícipes quando por
ocasião de sua greve, que o Município tinha condições de pagar e que não
comprometeria 100% do Orçamento, como afirmava o Sr. Prefeito Municipal. E,
seguramente, esse é apenas o primeiro de inúmeros outros que chegarão a esta
Casa, pleiteando abertura de crédito suplementar e oferecendo arrecadação a
maior como recursos para esses créditos. Pessoalmente, votarei favorável, mas
vim à tribuna para registrar, nos Anais, que há substancial arrecadação a maior
por parte do Município. Então, amanhã ou depois, não venha o Sr. Prefeito negar
aumento aos funcionários sob alegação de que compromete o Orçamento, o que não
é uma verdade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz
Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, uma das
minhas preocupações quando assumi meu mandato foi com relação aos contratos que
as empreiteiras tinham com o DMLU. Por quê? Na época, em 1932, uma das
empreiteiras - a Barão - que fazia o serviço de coleta de lixo, perdia a
concorrência para a Terlimpa e para a Cores. Contestamos na época, em 1982, que
aquela concorrência, que fora feita dentro do DMLU, não favorecia a empresa que
oferecia preço mais baixo e conveniente para que o Município pudesse fazer sua
coleta de lixo por empresas contratadas.
Entretanto,
esperava que, quando da posse do PDT no Executivo, tivéssemos uma política
diferente dentro o DMLU. Isto quer dizer o seguinte, e o próprio Ver. Vieira da
Cunha, com o qual mantenho um relacionamento muito bom e que já esteve aqui,
inclusive, em outras ocasiões, para discutir assuntos como este, sabe muito bem
que existe um determinado compromisso do DMLU no sentido de fazer com que a
coleta de lixo se faça muito mais diretamente, através do próprio Departamento,
e muito menos através das empresas que são contratadas, exatamente, nobre
Secretário e Vereador, para que a Câmara Municipal tenha até um controle maior
sobre os gastos que são efetuados com a contratação destes serviços hoje em
dia. Os Vereadores que estão votando este Projeto de Lei, não acredito que 10%
deles tenham conhecimento do valor desses contratos que o DMLU tem com as
empreiteiras.
Não que
exista, nobre Secretário, alguma dúvida maior a respeito da honestidade desses
contratos, mas acontece que os Vereadores, como fiscais das ações do Município,
têm que estar cientes daquilo que o Município está gastando com as
empreiteiras. Pois leio hoje, nas justificativas que foram enviadas para a
Casa, que os valores estipulados para contratação da prestação de serviços
encontram-se congelados, e hoje sofrem reajuste pela variação da OTN. Mas não
diz aqui de quanto são estes valores. E, de repente, sentimos a necessidade que
V. Exa. tem de receber essa suplementação de 54 milhões, mas, por outro lado, gostaria
que V. Exa. pudesse agilizar para mandar para essa Casa alguns apontamentos,
alguma notícia com relação aos valores desses contratos que o DMLU tem com
essas empreiteiras, porque acredito que é obrigação dessa Casa, dos Vereadores,
ter conhecimento do valor desses contratos, até para podermos saber, através de
cálculos, se os 54 milhões de cruzados serão realmente utilizados - e aqui diz
- para combustível, óleos lubrificantes, peças, e nós sabemos que esses preços
dispararam, como diz aqui na Justificativa, mas queremos saber quanto é que o
Departamento tem comprometido do seu Orçamento com as empreiteiras. Porque,
afinal de contas, eu me lembro que não faz muito tempo que nós votamos aqui
determinada verba para compra de caminhões, a fim de que o Departamento
Municipal de Limpeza Urbana pudesse começar a aumentar a sua frota de coleta de
lixo e fazer com que as empreiteiras tivessem menos influência em tudo isso.
Mas eu tenho certeza e pelo que a gente verifica que essas coisas não
ocorreram. Eu quero dizer a V. Exa., nobre Ver. Vieira da Cunha, até pela
presença de V. Exa. e por saber que se trata de pessoa bastante honesta e
justa, eu vou votar favorável aos cinqüenta e quatro milhões de cruzados. Mas
eu pediria, encarecidamente, a V. Exa., que me enviasse aqui para a Câmara
Municipal. E eu peço que, se não enviar à Presidência da Câmara, que possa
enviar para este Vereador, dados relativos ao gasto do DMLU com as
empreiteiras, até para que nós pudéssemos fazer uma fiscalização, porque,
afinal de contas, esse é o nosso trabalho, o de uma fiscalização mais eficiente
em cima daquilo que está fazendo o
Departamento de V. Exa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é
o Ver. Artur Zanella. V. Exa. está com a palavra por 10 minutos.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, eu também vou votar a favor, mas como nesta Casa nos últimos dias
se coloca uma série de coisas, eu também quero colocar, claramente, o meu
pensamento, porque, evidentemente, o Vereador quando vota um Projeto desse tipo
- e eu fui do Executivo muitos e muitos anos - , evidentemente não se pode
encaminhar para cá todos os detalhes do Projeto e não tem o Vereador também de
saber tudo o que ocorre em todas as secretarias e em todos os departamentos da
Prefeitura. Então, se votou, como votei o do DMAE, como votei o do Plano
Diretor, pela origem do projeto, e neste caso do DMAE eu votei porque conheço o
corpo funcional do DMAE, conheço o seu Diretor, trabalhava conosco, foi funcionário
desta Casa. Então, evidentemente, aquela Comissão que elaborou aquele Projeto
teve muito maiores condições do que nós de votarmos adequadamente. Então, eu
votei pelo passado do DMAE e pelo passado do Sr. Diretor do DMAE. Voto agora
favoravelmente porque conheço o Departamento Municipal de Limpeza Urbana,
apesar de lá nunca ter trabalhado, conheço diretores anteriores, um dos quais
nosso colega Ver. Mano José, e também conheço o nosso colega que dirige aquele
Departamento, que é o Ver. Vieira da Cunha. Então, votarei favorável, sei que,
ao final do ano, quando vier o balanço do Departamento já centralizado, teremos
melhores condições de analisar este contexto. Hoje mesmo, aqueles que desejam,
tenho a certeza absoluta que receberão lá todas as informações consideradas
possíveis. Digo que também votei os três projetos do Plano Diretor pela origem
daqueles projetos, porque do Poder Executivo e das lideranças da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, que devem saber exatamente quais são as suas
necessidades mais urgentes. A minha concepção é diferente da concepção do Ver.
Luiz Braz. Eu acho que o DMLU, SMOV e todos esses órgãos não podem ter como
exclusividade sua a coleta de lixo e os serviços. Acho que deve ser dividido
entre empresas e os seus serviços próprios. Isto não quer dizer que o Ver. Luiz
Braz seja contra empresas privadas e que o Sr. Artur Zanella seja a favor, que
tenha uma empresa privada, o que não tem.
O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Apenas quero dizer a V. Exa. que a nossa idéia sempre foi de que
pudesse haver uma participação maior do DMLU. Eu também acho que ele não deve
ficar exclusivo na coleta, mas acredito que esta participação das empresas
privadas, quase maioria, deveria ser igualitária.
O SR. ARTUR ZANELLA: Estou de acordo com V. Exa.
que 50% de cada um seria bastante adequado, assim como aceitamos que a Carris
também aumente, mas não fique com o monopólio das facções de transporte de
Porto Alegre. Eu só queria - e como dizia o Ver. Rafael Santos, “sempre vem um
dia após o outro” - dizer como me lembro como eram atacadas as administrações
anteriores, porque não faziam uma coleta diária. O Ver. Paulo Satte, inclusive,
aprovou uma Lei aqui nesta Casa, está em vigência e efetivamente o DMLU não tem
condições de fazer a coleta diária na Cidade e, até por normas internacionais,
pelo que eu sei, nem é necessário que seja feita em toda a Cidade a coleta
diária e sim naqueles pontos mais consagrados, como o Centro, onde são feitas
duas ou três coletas por dia. Mas existem outras zonas, com outro poder
aquisitivo, com outra montagem da área da zona, em que talvez a coleta diária
não seja necessária. Quero dizer, neste momento, que é uma oportunidade de
falar perante o Diretor-Geral do DMLU, que me preocupo, sobremaneira, com
notícias que correm na imprensa, oriundas, provavelmente, ou da Secretaria de
Administração, ou do gabinete do Sr. Prefeito, de que haveria uma centralização
das oficinas da Prefeitura. Que o DMLU ficaria sem a sua oficina de consertos,
centralizando tudo. Eu não sei quem teve esta idéia tão estapafúrdia, mas está
no jornal, centralizando toda a manutenção das máquinas do Município na Cia.
Carris Porto-Alegrense, que não tem nada a ver com trator, retroescavadeiras,
etc. Então, eu queria colocar exatamente isto: às vezes se vota sem o
preciosismo de conhecer tudo, mas se vota muito pela origem do projeto, assim
como temos uma certa simpatia por projetos que ainda virão a serem discutidos,
também pela sua origem. E há outros, que não se referem ao Município, nem ao
Estado, que eu teria restrições em votar, pela origem. Ontem, li uma notícia -
que não tem nada a ver com o Processo - que o Sr. Secretário da Saúde do Estado
demitiu 56 funcionários do Hospital São Pedro, porque tem funcionários demais
no Hospital. Então, uma origem dessas me deixa preocupado com uma área como
essa, que não é o caso do Ver. Vieira da Cunha.
O Sr. Ennio Terra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. não ignora que este Legislativo aprovou uma
Lei que proíbe a contratação de mão-de-obra de terceiros, a verdadeira
mão-de-obra escrava, que é o homem explorando o próprio homem; e o Secretário
do Departamento de Limpeza Urbana está tentando corrigir e aplicar a Lei que
foi votada por esta Câmara; portanto, V. Exa. é a favor que seja 50% do
Município, eu já discordo, porque acho que a lei é para ser cumprida e é
justamente o que o Secretário Vieira da Cunha está tentando fazer.
O SR. ARTUR ZANELLA: Só que V. Exa. provavelmente
está laborando em equívoco; o que o DMLU contrata não é mão-de-obra, mas sim
empresas para recolher um quantidade “x” de lixo; se a empresa contratar 10
pessoas, ou 50, o problema é dela; o que o DMLU contrata são empresas para
transportar uma determinada quantidade de lixo, de detritos, para limpar as
ruas, mas a empresa, não as pessoas. O DMLU não contrata, me parece, pessoas em
“leasing”; o que passou por esta Casa e foi proibido foi a contratação mediante
“leasing” da mão-de-obra de pessoas. Quanto às entidades, contratam empresas,
empreiteiras que fazem a sua obra. Mas veja bem, aqui dentro, cada um tem a sua
concepção. Eu acho, e a greve demonstrou isso, que quando as empresas entraram
em greve, o DMLU fez a coleta com o seu próprio pessoal, se não agora, mas
antes. Quando a greve é dos funcionários municipais, é provável que as empresas
não façam greve, então se mantém, no período de negociação, o serviço
funcionando, de forma precária, mas sem trazer maiores prejuízos à saúde. Mas o
voto é favorável e quero, por favor, que não acusem ninguém nesta Casa de ser
favorável ou que tenha amigos ou conhecidos em empresas de Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): Próximo inscrito, Ver.
Nilton Comin.
O SR. NILTON COMIN: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, sou favorável ao Projeto endereçado a esta Casa pelo Ver. Vieira da
Cunha e quero me ater a um aspecto sanitário da questão. Se deixarmos a cidade
de Porto Alegre durante uma semana, a uma temperatura como a de hoje, sem
recolhimento de lixo, correríamos um risco que tem ocorrido em algumas cidades
brasileiras. O lixo é alimento do rato e no lixo proliferam moscas e baratas.
Há pouco pedi, através de um Pedido de Informações ao DMAE, para saber a
quantidade que se gasta para controlar a leptospira - é uma bactéria que existe
na barata e no rato - e posso dizer, Ver. Vieira da Cunha, que sou favorável,
porque neste Município e em outros Municípios brasileiros não se faz a pesquisa
da leptospirose, que é causada pela urina dos ratos nos funcionários que
trabalham na coleta do lixo. Se fôssemos um país razoavelmente adiantado, seria
obrigatório, mensalmente, uma análise da urina para constatar o grau de
leptospirose. Sou amplamente favorável ao Projeto encaminhado por S. Exa. e
digo que as doenças causadas pelas moscas, as salmonelas, e as doenças
entéricas, pelos mosquitos, tem exatamente o lixo como a fonte alimentadora.
Quando V. Exa. está mandando a esta Casa um projeto como este, eu entendo que é
um projeto de saúde pública. Como sanitarista, tenho o direito e o dever de
dizer isso. V. Exa. não está apenas recolhendo o lixo de Porto Alegre, V. Exa.
está preservando a população da nossa Cidade.
Veja bem, V.
Exa., e tem alguns colegas que gostam de brincar comigo e eu como profissional
tenho que levar na brincadeira. Uma rata, ela coloca até quinze filhotes,
dependendo da temperatura, e se V. Exa. não recolheu o lixo durante dois, três,
quatro dias, e ela o fez por quatro meses. Veja V. Exa., e eu já denunciei, que
esta Cidade está sendo tomada pelos ratos. Aqui nesta Câmara desfilou
garbosamente uma ratazana, eu disse uma, mas tem algumas testemunhas que estão
dizendo que outras ratazanas desfilaram por aqui.
A Sra. Bernadete Vidal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vou apoiar o pronunciamento de V. Exa. dizendo que já
ouvi gritos de ratos. É impressionante! Inclusive, tem uma campanha aqui na
Casa para adotar ratos, de tantos ratos que têm.
O SR. NILTON COMIN: Seria interessante adotar um
gato também, porque na cadeia alimentar um precisa do outro e um gatinho gosta
de alguns ratinhos, só que existem ratazanas que não é qualquer gatinho que
chega perto.
Mas,
continuando, nobre Vereadora, eu entendo como um projeto de saúde pública
quando V. Exa. coloca nesta Casa uma solicitação de recursos para que o nosso
DMLU execute um serviço do melhor quilate.
Agora, quero
dizer a V. Exa. e aos nobres pares desta Casa, infelizmente um país
subdesenvolvido como o Brasil, V. Exa. não teria a metade do serviço que tem se
houvesse uma educação sanitária, se houvesse uma promoção pela saúde. É que
lamentavelmente o brasileiro, subdesenvolvido, subnutrido e outros “subs”, faz
tudo aquilo que não poderia fazer. Tenho certeza de que o Departamento de V.
Exa. é obrigado a recolher, na Zona “A”, quantidade de lixo que jogam lá a
qualquer momento, em qualquer local. O meu clube, o São José, já fez até uma
horta comunitária na frente, porque jogam tanta coisa lá que se formou um
adubo. E nós já fizemos uma horta comunitária para dar para as pessoas. Então,
realmente, quando se fala em lixo, às vezes não conseguimos avaliar a
profundidade do que é o lixo, um componente básico do saneamento básico, ao
lado do esgoto cloacal, do esgoto pluvial. O lixo é, realmente, um problema
seriíssimo na Cidade, e quero dizer a V. Exa. que não o conheço - estou
conhecendo-o há dois dias -, que o trabalho que V. Exa. vem fazendo é um
trabalho, na minha maneira de ver, das melhores condições. V. Exa. é um homem
esforçado, é um colega da Casa, e é um homem que procura atender a todos os
reclames desta Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Com a palavra, o Ver. Aranha
Filho.
O SR. ARANHA FILHO: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, em discussão, abertura de crédito suplementar no valor de 54
milhões de cruzados, e dá outras providências. Está nesta Casa, e em regime de
urgência. Mas, particularmente, e inicialmente, aproveitando a presença do
ilustre companheiro, Diretor-Geral do DMLU, Ver. Vieira da Cunha, nós queríamos
dizer que somos favoráveis a esta abertura de crédito suplementar, neste valor,
inclusive sabedores de que estamos apenas apagando fogueira com essa verba.
Mas, ao mesmo tempo, me permite lembrar a esta Casa que, quando assumimos, em
1982, já começávamos a dar os primeiros passos e nos referir sobre o problema
tão grave, que é o problema do lixo em nossa Capital, e volto à carga, neste
exato momento, comunicando à Sra. Presidente, aos caros pares, Vereadores, que
nos primeiros dias de agosto nós voltaremos à carga, ou pela Comissão
Permanente de Saúde e Meio Ambiente desta Casa, ou pela Comissão Especial, para
estudar o problema da reciclagem do lixo em Porto Alegre. Não podemos mais
ficar de braços cruzados quanto a este crucial problema. E lembro aos meus
caros pares que, em 1982, de posse de um estudo, nós provávamos que cada um de
nós, porto-alegrenses, deposita no lixo ½ quilo/dia, e que esse número, hoje,
1987, já se encontra em 700 gramas, quem sabe no ano 2000 cada um de nós estará
depositando mais de um quilo de lixo por dia na frente das nossas portas.
Independentemente da apreciação de cada Vereador, nós deveremos, nesta Casa,
chegar a um consenso, para que se possa fazer algo em nome da saúde pública e
em nome de Porto Alegre, sob pena de estarmos, no ano 2000, sendo soterrados
pelo lixo. Hoje, a aprovação deste crédito suplementar, nós sabemos, é apenas
um paliativo, estamos apenas apagando fogueira, mas, se por acaso nós não
enveredarmos para um debate sério em torno da reciclagem do lixo urbano, nós
estaremos, certamente, frente a um grave problema, e disso, tanto nós como os
das gerações futuras, não irão perdoar. Voto a favor do referido crédito. Mais
uma vez chamo a atenção desta Casa para que, nos primeiros dias, Ver. Vieira da
Cunha, estarmos abrindo o debate, ou na Comissão de Saúde e Meio Ambiente ou
numa Comissão Permanente ou Especial, a respeito de uma usina de reciclagem do
lixo urbano em Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Com a
palavra, para encaminhar, o Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, assim como no Projeto do DMAE, que votei favoravelmente, também
antecipo meu voto favorável ao Projeto
de suplementação do DMLU. Não posso permitir que alguém desta Cidade diga que
este Vereador é insensato, porque o problema do lixo é muito sério. Todas as
vezes que o Executivo tem batido às portas do Legislativo com propostas de
manutenção, quando não de melhoria dos serviços públicos da Cidade, tem
encontrado a necessária guarida nesta Casa. Não há nenhum ânimo deletério para
que se rejeite projetos, pedidos que visem ao bem-estar da coletividade. É o
caso deste pedido.
Quero apenas
deixar uma observação: de acordo com a Mensagem enviada pelo Sr. Prefeito, e
está escrito aqui, esta reestimativa, ou seja, o presente Projeto, serve para
única e somente dar suporte operacional ao DMLU nos meses de julho a setembro
do ano de 1987. Então, isto nos induz à dedução de que, o mais tardar em setembro,
teremos uma revisão do Orçamento do DMLU, Orçamento esse que será suplementado
de duas formas, ou pela abertura de novos créditos suplementares à conta da
arrecadação a maior da Prefeitura, ou pelo aumento da taxa de lixo.
Aliás, este
aumento da taxa de lixo se insere nas determinações do FMI. Parece incrível,
mas há uma relação. A eliminação gradativa do déficit público neste País,
segundo a orientação do FMI, deve obedecer ao aumento das taxas dos serviços
públicos e ao aumento dos impostos.
Então, a
Prefeitura de Porto Alegre, a sociedade porto-alegrense, está enquadrada na
orientação do Fundo Monetário Internacional para os serviços públicos
essenciais no nosso País, e que vão atingir a taxa de lixo, assim como outras
taxas, também.
Por fim, Sra.
Presidente e Srs. Vereadores, faço votos para que o Diretor-Geral do DMLU, o
nosso prezado companheiro Vieira da Cunha, faça o melhor uso dessa verba no
atendimento de um serviço essencial à população da Cidade. E, sobretudo, me
permita, nobre companheiro Vieira da Cunha, numa próxima greve dos servidores
municipais, não exerça com tanto rigorismo a repressão aos funcionários do DMLU
que tiveram a hombridade de se juntarem aos seus companheiros municipários na
recente greve e que, segundo informações que nós recolhemos, tiveram um
tratamento um tanto duro por parte da direção do DMLU. O meu voto é favorável.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito,
Ver. Mano José, que encaminha pelo PDS.
O SR. MANO
JOSÉ: Sra.
Presidente e Srs. Vereadores, hoje, pela manhã, nós já discutimos este Projeto
quando foi discutido na Reunião Conjunta das Comissões. Dizíamos, então, da
necessidade do Departamento de ter esta suplementação, mesmo porque não há
coração que agüente administrar com a instabilidade econômica como nós estamos
vivendo hoje. Mais do que justa a suplementação que por certo a Casa
autorizará, para que o Departamento continue a prestar os serviços à população
de Porto Alegre. Serviços, como disse o nobre Ver. Nilton Comin, de saúde. E,
no bom serviço prestado pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana estará,
por sorte, assegurada então a não-proliferação de epidemias que por aí andam.
Por isso, penso que a Casa, cônscia das suas responsabilidades, haverá, como o
PDS, de aprovar o Projeto ora solicitado pelo Sr. Prefeito ao DMLU,
Departamento pelo qual eu nutro a mais de sentida recordação e a mais alta
estima por todo o seu quadro funcional e também pelo seu Diretor-Geral, nosso
colega Vieira da Cunha, que vem fazendo uma administração realmente à altura
das necessidades de nossa Cidade e à altura daquilo que nós esperamos que a
Prefeitura preste em serviços. Acho difícil ficar fora, meu caro Ver. Lauro
Hagemann, a taxa de coleta de lixo no andamento do Orçamento. Acho difícil,
embora já estamos agora, como disse V. Exa., com algumas coisas aí no ar,
fazendo com que as taxas de CRT, CEEE, sejam alteradas a todo instante, mas
penso que a taxa do lixo não será alterada, por isso que o Prefeito se socorre
com a arrecadação a maior ao Departamento de Limpeza. Por isso, para que o
porto-alegrense não seja mais obrigado a desembolsar uma quantia maior ainda
para o pagamento da taxa do lixo. Se continuar assim, tudo bem. Esperamos que
os três meses de semicongelamento se prolonguem, embora seja semicongelamento,
porque os aumentos se sucedem a cada dia e a própria tabela da SUNAB já veio
com a maioria dos produtos ali alinhados com novo aumento na tabela. Então, que
congelamento é esse? Mas, de qualquer forma, vamos confiar no Ministro Bresser
Pereira que, pelo menos, tem demonstrado boa vontade, já que no resto realmente
não podemos confiar. O PDS, Sra. Presidente, vota favoravelmente ao Projeto que
ora se discute. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): Encaminha, pelo PL, o Ver.
Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, seguidamente o porto-alegrense está solicitando melhorias,
solicitando que a limpeza da Cidade seja feita com presteza, e para se ter um
serviço em nível melhor é natural que o DMLU tenha condições para fazer. De
outra parte, o Diretor do DMLU é um homem trabalhador, que procura fazer com
que suas idéias sejam bem claras e traz suas idéias ao Plenário e vem aqui
trabalhar o seu Projeto, o que acho salutar. Por isso, o PL muito rapidamente
diz que é favorável e que espera e tem certeza de que esta verba vai ser muito
bem aplicada, para o bem da população de Porto Alegre. Sou favorável. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Encaminha, pelo PDT, o Ver.
Pedro Ruas.
O SR. PEDRO RUAS: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, o
encaminhamento do PDT, obviamente, é favorável ao Projeto e serve mais para
agradecer, em nome do Partido do Governo, as manifestações das Lideranças dos
diversos Partidos que ocuparam a tribuna e salientar a importância da conduta
do Sr. Vereador Diretor do DMLU que, no interesse daquele Departamento, procura
assiduamente esta Casa e, no interesse deste Projeto, procurou praticamente
todos os Vereadores desta Casa, respondendo perguntas, esclarecendo dúvidas e
levando a todos a idéia fundamental da importância da aprovação do Projeto,
para que o DMLU possa prestar um serviço correto e digno à população de Porto
Alegre. Neste encaminhamento, portanto, agradecemos a posição das diversas
Lideranças dos Partidos que têm assento nesta Casa e elogiamos a conduta
pessoal do Sr. Ver. Vieira da Cunha, Diretor-Geral do DMLU, por seu trabalho
árduo, incansável, no contato, esclarecimento e, acima de tudo, no
convencimento de todos nós de que a aprovação do Projeto é importante para
aquele Departamento e para a população de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encerrados os
encaminhamentos. Em votação. Os Srs. Vereadores que aprovam o PLE n° 037/87
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa,
Requerimento do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando seja o PLE n° 037/87
dispensado de distribuição em avulsos e interstício para a sua Redação Final,
considerando-a aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 1293 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 043/87, da Mesa, que cria cargos e
função na Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL n° 043/87 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa,
Requerimento de autoria da Verª Teresinha Irigaray, solicitando seja o PLL nº
043/87 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação
Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 1166 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 033/87, da Vereadora Bernadete
Vidal, que altera o artigo 1° da Lei n° 4.255, de 30 de dezembro de 1976, e dá
outras providências.
Parecer Conjunto:
- da
CJR, CFO, CEDECON e CUTHAB. Relator-Geral, Ver. Artur
Zanella: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL n° 033/87 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa,
Requerimento de autoria do Ver. Raul Casa, solicitando seja o PLL nº 033/87
dispensado e distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final,
considerando-a aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA
PROC. 2456 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 076/87, que cria e extingue cargos
no Departamento Municipal de Limpeza Urbana e dá outras providências.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Pedro Ruas: pela aprovação;
- da CFO. Relator, Ver. Auro Campani: pela aprovação; e
- da CUTHAB. Relator, Ver. Kenny Braga: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em votação.
(Votaram 29 Vereadores: Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella, Caio Lustosa, Clóvis Brum, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jaques Machado, Getúlio Brizolla, Kenny Braga, Isaac Ainhorn, Ennio Terra, Jorge Goularte, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Nilton Comin, Flávio Coulon, Pedro Ruas, Bernadete Vidal, Cleom Guatimozim e Jussara Cony.)
A SRA. PRESIDENTE: Vinte e sete votos SIM, 01 voto NÃO e 01 voto em branco.
APROVADO o PLE n° 076/87.
(Obs.: Foram escrutinadores os Vereadores Hermes Dutra e Jorge Goularte.)
A SRA. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento
do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando seja o PLE n° 076/87 dispensado de
distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 598 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 016/87, que cria Cargos em
Comissão e Funções Gratificadas e dá outras providências.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Kenny Braga: pela aprovação;
- da CFO. Relator, Ver. Auro Campani: pela aprovação; e
- da CUTHAB. Relator, Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Para discutir, o Ver. Caio
Lustosa.
O SR. CAIO LUSTOSA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, seremos o mais conciso possível, dizendo, inicialmente, que é bem
provável que a necessidade de criação desses Cargos em Comissão e Funções
Gratificadas no DEP tenha a mais absoluta justificativa; é pena, no entanto,
que este Projeto, como outros que o Executivo nos manda, não venha consertado
com, ao menos, além do palavratório oficial, elementos de convicção bastante
sérios, bastante fortes, a confrontar o voto de cada um de nós. Mas, por
conhecimento próprio, posso avalizar. Então, queremos encaminhar favoravelmente
à criação destes Cargos em Comissão e Função Gratificada e, ao mesmo tempo,
alertar para o fato de que esta Câmara tem que começar a se preocupar com a
criação destes Cargos em Comissão, a nível global do Município, para que, de
repente, o número destes cargos não se torne verdadeiramente monumental em
relação aos cargos de provimento efetivo. Mas, acredito que seja necessária a
aprovação do Projeto agora encaminhado pelo Prefeito, ressaltando que, quando
da elaboração do Orçamento - e nós vamos fazer isto já, já - vamos reivindicar
para o DEP condições materiais de maquinaria necessária para enfrentar o
problema dos alagamentos nesta Cidade, porque, senão, será inútil a aprovação
dos cargos ora em pauta. Era isto e nos manifestamos, creio que com os demais
componentes de nossa Bancada, pela aprovação do Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, para
discutir, o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, este Projeto dá bem uma idéia das atribuições que tem um Vereador,
para votar tudo de turbilhão, num final de período legislativo, antes do
recesso. Eu gostaria que alguém do PDT me ouvisse, porque precisamente as
informações que chegam a esta Casa são as mais diferentes possíveis e é
necessário que haja aqui um cotejo destes números. E eu vejo que o Ver. Isaac
Ainhorn está saindo. Eu ia dizer que ele é um privilegiado, porque recebe, ao
que parece, melhores informações do que seus colegas. Eu estava vendo que o
Ver. Kenny Braga, da Bancada do PDT, informa, no seu Parecer, que existem 78
funcionários no DEP, e que após 13 anos da sua criação o DEP conta com um
efetivo de apenas 78 funcionários, entre Funções Gratificadas e Cargos em
Comissão. Já o Vereador Auro Campani, também da Bancada do PDT, informa que o
DEP tem 78 funcionários, mas já sem Funções Gratificadas e Cargos em Comissão.
Mas o Vereador Isaac Ainhorn já informa diferente: que o Departamento, em vez
de 78 funcionários com Funções Gratificadas e Cargos em Comissão, como diz o
Ver. Kenny Braga, ou os 78 funcionários sem Funções Gratificadas ou Cargos em
Comissão, o Ver. Isaac, mais informado, mais atilado, diz que são 113
funcionários efetivos e 197 servidores regidos pela CLT, num total de 310
funcionários.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não sou eu o atilado; atilado é V. Exa., que lê os
relatórios, os trabalhos, sendo um Vereador sério. Eu não fui informado pelo
Prefeito, ou por algum Secretário, eu apenas li o relatório anual da Prefeitura
que ela manda para cada um dos Vereadores. Eu li, encontrei o dado e em cima
disso fiz o relatório.
O SR. ARTUR ZANELLA: Então, pelo Parecer do Ver.
Kenny Braga, evidentemente que esses Cargos em Comissão não deveriam ser
criados, porque praticamente todos teriam essas Funções; pelo relatório do Ver.
Auro Campani, igualmente me parece que não seria adequada a criação desses
cargos, porque somente 78 funcionários não seriam suficientes e necessários
para tal máquina administrativa a ser criada. Mas, com a informação do Ver.
Isaac, de 310, eu acredito que é uma relação boa com esses cargos a serem
criados e que por isso merecem nossa aprovação. Mas, se houvesse tempo maior,
nossos colegas não seriam instados a fazer relatórios sem tempo, no decorrer da
Sessão, e depois aparecerem números conflitantes numa mesma Bancada,
especialmente uma Bancada que é majoritária, que representa aqui o Poder
Executivo. Creio ser adequada a criação desses cargos e tenho certeza que a
maioria da nossa Bancada votará favoravelmente à criação dos mesmos. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Para discutir, Ver. Flávio
Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, vim à tribuna para reforçar de uma certa maneira o que foi dito
pelo Ver. Zanella. É tamanha a quantidade de projetos que chegam nos dois
últimos dias antes do recesso que não há capacidade de se absorver o que
estamos votando. É importante o que muitos chamaram a atenção, de que este
Processo foi discutido nas Comissões, correu Pauta e que ninguém tem culpa de o
Vereador ter assumido apenas há dois meses atrás e não ter participado das
discussões. Agora, tenho certeza absoluta de que na sexta-feira este Projeto
não estava na pauta daqueles que eu precisaria estudar no fim-de-semana. Agora
venho me manifestar a respeito de um projeto que cria Cargos em Comissão e Funções
Gratificadas no DEP, que diz o seguinte: (Lê.) “Cria e extingue Funções
Gratificadas na Vigilância Municipal e na Junta de Serviço Militar” e assim por
diante.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu até diria, também, que é paradoxal a votação deste
Projeto agora, porque na imprensa saem todos os dias, também com origem na SMA,
não se sabe de onde aparecem, notícias plantadas, dizendo que o DEP vai ser
extinto, que vai ser absorvido pelo DMAE, daqui a pouco por uma secretaria de
serviços públicos. Então, se fala tanto da extinção do DEP e daqui a pouco isso
vira um caos, mas eu vou votar a favor, mas sei de uma outra emenda que está
circulando por aí, não é? Se os cargos são necessários, eles o são para que o DEP
funcione; agora, se vai ser extinto ou vai ser agrupado pelo DMAE ou por outra
Secretaria, enfim, aí não tem razão da sua permanência e a criação desses
cargos.
O SR. FLÁVIO COULON: É justamente, Ver. Zanella,
em relação ao quadro do DMAE que foi votado aqui que houve uma preocupação de
dar explicações, de tranqüilizar o Vereador no sentido daquilo que ele vai
votar. Este Projeto que cria cargos e Funções Gratificadas, como é o que se
avaliza isso aí? Qual é a segurança que tem um Vereador de votar um projeto
desses? Qual é a segurança de se votar uma suplementação de 54 milhões, como
votamos para o DMLU, quando, como ontem, o engenheiro do DEP vai ao Bairro
Navegantes e diz que com 5 milhões conseguem resolver o problema dos
alagamentos, das milhares de pessoas que a cada chuva que acontece lá ficam
embaixo d’água? Não dá para entender como é que o Município tem 54 milhões para
suplementar uma verba importante, Ver. Nilton Comin, pois se trata de saúde
pública, e não tem 5 milhões para fazer a limpeza daqueles canais, que é a
resolução total do problema, segundo o engenheiro. Quer dizer, me dêem 5
milhões que não haverá mais enchente no 4° Distrito, não só no arroio da Areia,
mas também na 25 de Julho. Como e quais são as condições objetivas de se votar isso
aqui? São explicações, são meras palavras, meros quadros sem segurança daquilo
que estamos votando e é por essa razão, então, para não me alongar mais em
considerações, porque a pauta está bastante carregada, e já falo pelo próximo
projeto, tendo em vista a falta de conhecimento, a falta de oportunidade de ter
estudado mais profundamente, a falta de maiores esclarecimentos que, no meu
modo de entender, deveriam ter sido prestados pelo DEP e pela Vigilância, é que
vou votar contra os dois projetos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Em votação.
(Votaram 27 Vereadores: Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Caio Lustosa, Clóvis Brum, Ennio Terra, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Nilton Comin, Getúlio Brizolla, Auro Campani, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Flávio Coulon, Pedro Ruas, Kenny Braga, Cleom Guatimozim e Isaac Ainhorn.)
A SRA. PRESIDENTE: Vinte e três votos SIM, 04 votos NÃO. APROVADO o PLE n°
016/87.
(Obs.: Foram
escrutinadores os Vereadores Nilton Comin e Kenny Braga.)
A SRA. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento
do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando seja o PLE n° 016/87 dispensado de
distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 597 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 015/87, que cria e extingue
Funções Gratificadas.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Kenny Braga: pela aprovação;
- da CFO. Relator, Ver. Auro Campani: pela aprovação; e
- da CUTHAB. Relator, Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em votação.
(Votaram 27 Vereadores: Adão Eliseu, Aranha Filho, Clóvis Brum, Caio Lustosa, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Cleom Guatimozim, Bernadete Vidal, Ennio Terra, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Teresinha Irigaray, Nilton Comin, Flávio Coulon, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani e Kenny Braga.)
A SRA. PRESIDENTE: Vinte e dois votos SIM, 05 votos NÃO. APROVADO o PLE n°
015/87.
(Obs.: Foram
escrutinadores os Vereadores Luiz Braz e Jaques Machado.)
A SRA. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento
do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando seja o PLE n° 015/87 dispensado de
distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 1229 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 034/87, que institui gratificação
por exercício de atividade no HPS e dá outras providências.
Parecer Conjunto:
- da
CJR, CFO, COSMAM e CUTHAB. Relator-Geral, Ver. Ennio
Terra: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. Para discutir,
Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, este é um Projeto que aparentemente não merecia discussão, porque
todos sabemos do trabalho que fazem os funcionários do Pronto Socorro, as
péssimas condições de trabalho que têm naquele local, a tensão e pressão que
sofrem, e sempre digo que em qualquer colégio que meus filhos estejam e que
peçam autorização para levar em serviços de urgências, sempre coloco que
encaminhem ao Pronto Socorro Municipal, que é o órgão mais bem aparelhado,
melhor treinadas suas equipes e que merecem uma remuneração à parte. Para não
atrapalhar o Projeto, não apresentarei duas emendas que pretendia apresentar,
mas que futuramente serão encaminhadas. Uma é no parágrafo único do artigo 1°,
onde a gratificação incide somente sobre o básico inicial sobre o qual não
incidirão quaisquer gratificações ou vantagens. O básico inicial é para aquele
funcionário que por concurso ou por contrato esteja no local sem experiência.
As gratificações por tempo de serviço são incorporadas a todos esses
vencimentos futuros e correspondem exatamente aos treinamentos, à experiência
que os funcionários recebem. Logo, aquilo faz parte integrante do seu cargo, da
sua vida funcional, faz parte integrante da sua família e por isso esta
gratificação deveria incidir também sobre todas as gratificações resultantes de
tempo de serviço ou de licença-prêmio. Agora, para não atrapalhar a aprovação
deste Projeto, eu não apresentarei a emenda.
Há uma outra emenda que apresentarei futuramente, pois deveria apresentar hoje, mas futuramente apresentarei em projeto isolado. Refere-se também a médicos, enfermeiros, funcionários que atuam em postos de saúde, principalmente nas vilas periféricas de Porto Alegre, onde aqui também é, no mínimo, um Pronto Socorro sem as características do Pronto Socorro Municipal, sem o equipamento do Pronto Socorro Municipal, mas é o primeiro ponto aonde vão aqueles acidentados e doentes. Para não atrapalhar este Projeto, também esta emenda não será apresentada, mas será feito um projeto à parte. Basicamente, não quero colocar nada no Projeto, estou dizendo o que gostaria de colocar neste Projeto, pessoalmente não o faço para não atrapalhar. A gratificação deve incidir sobre o básico e mais o tempo de serviço, porque este tempo de serviço pertence à pessoa, que ganhou em treinamento ou experiência no Pronto Socorro.
E em segundo lugar, num projeto futuro, também, incluir os médicos, enfermeiros e funcionários que atuam em postos de saúde, principalmente na periferia e, assim, os funcionários.
Nós dizemos
que este Projeto resgata em parte tudo aquilo que Porto Alegre deve aos senhores,
não tendo hora, não tendo momento, não receando os serviços, nem doenças, nem
pessoas em condições às vezes inadequadas, pessoas com ataques de loucura,
feridos, contagiosos, lá recebem um atendimento que eu, pessoalmente, para mim
e para meus filhos, eu considero exemplar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Com a palavra, o Ver. Caio
Lustosa.
O SR. CAIO LUSTOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nossa intervenção é apenas para ressaltar, em nome deste Projeto,
que vem conceder uma reivindicação em nível muito aquém, é certo, do que são
merecedores os funcionários municipais do Hospital de Pronto Socorro, mas que
atende a uma luta, sim, dessa categoria, dentro do funcionalismo do Município,
uma luta que não é de agora, que testemunhamos, inclusive, na Administração
passada, em que os funcionários foram declarar-se em estado de greve. Então,
vem o Prefeito, agora, com esta gratificação, que sabemos, insistimos, não é
justa na proporção devida, mas já é alguma coisa.
Agora, outro
aspecto que queremos citar é que a Secretaria Municipal de Saúde e Serviço
Social, como um todo, os restantes 542 servidores, eis que no Pronto Socorro
são 1.007, segundo informações que temos, os restantes da Secretaria de Saúde e
Serviço Social do Município devem reivindicar, devem insistir e devem cobrar do
Prefeito Collares também um tratamento, porque nestas unidades, talvez não no
ritmo e na amplitude do Pronto Socorro, que é um hospital de urgência, mas
nessas unidades trabalham servidores também com risco de distúrbios
psicológicos e somáticos a merecerem a gratificação por este motivo. Então,
queremos ressaltar este aspecto a outros Vereadores comprometidos com esta
luta. O importante é que os municipários não recebam isto como uma dádiva, mas
como uma conquista da luta - isto é um exemplo para todas as categorias do
Município e fora dele. Sem luta, o arrocho salarial virá implacavelmente
devorar os ganhos dos que trabalham. Então, é para situar isto e dizer que
certamente a Bancada do PMDB, na sua totalidade, vai aprovar e, ainda, frisando
que as verbas da Secretaria de Saúde e Serviço Social do Município tiveram uma
redução - e é um aspecto grave - de 86 para 87 houve uma diminuição de cerca de
2% nas suas dotações. Talvez seja por isso que esta Cidade se encontra bastante
enferma, daí porque, com essas considerações, pedimos a aprovação do presente
Projeto, sempre salientando que não é uma dádiva que parte dos Vereadores ou do
Sr. Prefeito, mas uma conquista da categoria dos servidores que deverá ser
aprofundada no futuro. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Nilton Comin.
O SR. NILTON COMIN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, como funcionário de hospital, há 20 anos trabalhando no Sanatório
Partenon, entendo o que é uma categoria que trabalha em hospital. Sempre o
hospital é o melhor, mas na hora de dar salários aos funcionários, são eles que
recebem o menor salário. O Pronto Socorro é tido como um hospital padrão em
urgência, e o que ganham os seus funcionários, gente com pós-graduação fora do
Brasil, do mais humilde ao mais credenciado, o que eles ganham? Medalha,
diploma, não tem nenhum valor. Este Projeto do Sr. Prefeito, que concede 25%,
inicialmente serve, mas o fundamental para vocês é um Plano de Carreira para o
Hospital de Pronto Socorro, este é o fundamental ao lado dos funcionários que
trabalham nos pequenos postos de saúde do Município, que são sete. Vocês têm
que brigar, lutar e se unir para ter o Plano de Carreira. São 1077 funcionários
e é necessário um revezamento nos turnos de trabalho para aqui virem. Esta Casa
foi eleita por vocês, para também fazermos o Plano de Carreira dos funcionários
do HPS. De elogios estão cheios. O HPS é muito bom: Pronto Socorro, grandes
urgências. Eu mesmo, na semana retrasada, estive lá. Tenho um problema de
úlcera e perdi muito sangue. Mas já conheço o HPS. É necessário união, como foi
feita no Sanatório Partenon, a tal ponto que me transferiram de lá. Quando a
pessoa é muito atuante, transferem por ser um elemento muito atuante. Mas, o
importante ao pessoal do HPS é que o Prefeito, em boa hora, reconheceu e está
dando um percentual de reposição salarial. Mas, volto a repetir: vocês só serão
vitoriosos no dia em que tiverem o Plano de Carreira. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Com a palavra, o Ver. Adão
Eliseu.
O SR. ADÃO ELISEU: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, bastaria votar favoravelmente a este Projeto para ressarcir esses
funcionários dos benefícios que tenho tido para amigos e familiares no HPS.
Deixaria, aí, registrada a minha posição. Não obstante, como é importante
falarmos, como o nosso instrumento de trabalho é a palavra, achei por bem vir a
esta tribuna abrir meu voto, mostrar o meu reconhecimento, fazer uma tentativa
de mostrar, sem querer fazer proselitismo de forma nenhuma, que o Pronto
Socorro Municipal é um dos hospitais mais bem estruturados no que diz respeito
a seus funcionários e a seu corpo médico, reconhecidamente, em todo o País.
Falta alguma
coisa, é evidente, para funcionar melhor o Pronto Socorro, falta verba, faltam
instrumentos médicos, mas não falta a qualidade de seus funcionários e seu
corpo médico.
Há poucos
dias, tive uma experiência muito séria com uma netinha que se queimou com
gasolina, e correndo ao Pronto Socorro, prontamente, fomos atendidos, durante
todo o tempo em que foi necessário ela estar no Pronto Socorro, por seu
diretor, médicos, funcionários, enfermeiras que tiveram contato com o problema
- e não me apresentei lá como Vereador, pois Vereador não é mais do que
ninguém, me apresentei como qualquer cidadão -, fomos excelentemente bem
atendidos.
Mas não é só
por eu ter sido bem atendido, não é só pelo fato do Pronto Socorro precisar de
mais instrumental, de mais aparelhagem, é pelo fato de que os funcionários que
lidam com os problemas de acidentes, de doenças, de queimados, têm realmente
necessidade de ganhar um pouco mais do que o comum dos funcionários municipais.
É voz corrente
no sul do País, que o setor de queimados do Pronto Socorro é o melhor possível.
Sei de um
fato, de que o então Governador Nei Braga, do Estado do Paraná, trouxe de
helicóptero uma pessoa queimada para ser medicada urgentemente no Pronto
Socorro Municipal de Porto Alegre.
O Sr. Paulo Sant’Ana: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Saiba V. Exa. que esse é um dos setores pior
assistido pelo hospital atualmente. É o setor carente do Pronto Socorro e é um
dos mais importantes do atendimento de urgência. Faltam instalações materiais e
instrumentos para esse setor de vital importância na recuperação da vida
humana.
O SR. ADÃO ELISEU: V. Exa. tem toda a razão e o
assunto foi no início do meu pronunciamento, em que me referia ao quadro de
funcionários que se doa, que se dá, e ao corpo médico. Não há o que contestar a
esse respeito. E aí a grandeza do quadro, de um modo geral, aumenta, na medida
em que, Ver. Paulo Sant’Ana - e V. Exa. tem toda a razão, sem instrumental
adequado, moderno -, ele se transforma em um dos melhores Hospitais do sul do
País. E aí é que se vê e evidencia o valor do quadro médico e o valor do quadro
de funcionários. Nós achamos que o Projeto é bom: poderia ser excelente,
poderia fazer mais pelo quadro de médicos e funcionários do Pronto Socorro.
Mas, o mingau a gente come pelas bordas, principalmente quando ele está quente.
Está aí alguma coisa o que o Prefeito Municipal está fazendo. Vamos lutar!
Vamos lutar para que melhore o Pronto Socorro, para que não só melhore o seu
quadro de funcionários, mas também que esse quadro mereça um instrumental
adequado ao momento histórico em que vivemos. Ao momento em que os senhores
recebem pessoas para serem atendidas não só da Capital, mas também do interior
do Estado e até, em algumas vezes, de outros Estados do sul do País.
Meus
cumprimentos a vocês pela conquista que fazem com estes vinte e cinco por
cento. Meus parabéns. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, a Verª
Jussara Cony, para discutir o PLE 034/87.
A SRA. JUSSARA CONY: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, senhores funcionários e funcionárias do Hospital de Pronto Socorro.
Quero, desfazendo-me da condição de Vereadora, falar na condição, antes de mais
nada, de uma profissional da saúde, de uma farmacêutica, pelo entendimento que
temos da responsabilidade e importância que têm esses profissionais, colegas
nossos, desde atendente ao médico, dentro da equipe de saúde que se forma em
toda e qualquer unidade que dá um atendimento digno, sério e necessário à
população, ainda mais pelas especificidades de um Hospital como o de Pronto
Socorro. Como Vereadora, atualmente presidindo a Comissão de Saúde da Câmara
Municipal, queremos destacar, antes de mais nada, em relação a este Projeto, a
importância que foi para esta Comissão e para a Casa a reunião que tivemos com
os funcionários, com os diretores e com o Centro de Estudos do Hospital de
Pronto Socorro, que naturalmente desembocou nesta presença que hoje honra esta
Casa, acompanhando o processo de votação. A sensibilidade que tem o seguinte
mérito: exatamente a organização dos funcionários do Hospital de Pronto
Socorro. É importante que se coloque muito claramente, em primeiro lugar, este
Projeto não é dádiva de ninguém, este Projeto é fruto da organização dos
funcionários de Pronto Socorro que, agora, neste momento, aceitam, até por uma
questão de sobrevivência, apenas 25%. É o mínimo, Srs. Vereadores e senhores
funcionários. Não é dádiva, repito. É fruto da organização dos senhores
funcionários. E, exatamente por ser um mínimo, não deve e não pode parar aqui.
Inclusive, este Projeto é fruto da discussão, junto ao Prefeito de Porto
Alegre, através da direção do Hospital, dos funcionários e do Centro de Estudos
do Pronto Socorro.
O Sr. Adão Eliseu: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Só para lembrar a V. Exa. que o Projeto, realmente,
tem a força, a substância que está contida em si pelo trabalho dos funcionários
do Pronto Socorro. Mas V. Exa. não pode esquecer que eles encontraram a
compreensão do Sr. Prefeito Municipal. Não se pode desligar uma coisa da outra.
São duas posições que se encontram, se equivalem e, por isto, têm validade. É
fruto do trabalho dos funcionários, concordo com V. Exa., mas não podemos
esquecer o fato do Prefeito achar que é pouco, mas é alguma coisa que ele paga
e abre mão.
A SRA. JUSSARA CONY: Como dizíamos, não deve
parar aqui, porque isto, repetimos, é o mínimo. Pelo contrário. Alguns
Vereadores já colocaram, inclusive destaco a colocação feita pelo meu colega,
farmacêutico também, Ver. Nilton Comin. Deve-se avançar, exatamente para, em
definitivo, se estabelecer um Plano de Carreira que atenda, de um lado, as
justas reivindicações dos funcionários do Pronto Socorro que, atendidas,
naturalmente - e esta é uma grande preocupação que nós sentimos em todos os
momentos de parte dos funcionários, quando se discute a questão do Pronto
Socorro - possibilitarão que se dê, cada vez mais, um atendimento modelo à
comunidade, não somente de Porto Alegre, pois o Pronto Socorro não se restringe
a atender Porto Alegre. E deve-se ter em mente também a importância de se
estender este Plano de Carreira a todos servidores, não apenas da área da
Saúde, mas a todos os municipários de Porto Alegre, que há pouco saímos
fortalecidos, os municipários e esta Câmara Municipal, de um processo da mais
elevada forma de luta de um trabalhador, que foi a greve dos municipários, no
nosso entender, vitoriosa, porque elevou o nível de participação e organização
dos municipários e é exatamente fruto desse nível de participação que nós
teremos que avançar em conjunto para que se tenha um Plano de Carreira que
dignifique todo o funcionário público municipal, onde estão inseridos os
companheiros do Hospital de Pronto Socorro. A segunda questão é com relação ao
mérito do Projeto, primeiro o mérito e depois a questão da organização dos
funcionários; o mérito dos funcionários que fazem do Hospital de Pronto Socorro
um hospital padrão, não só de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, mas
inclusive de outros Estados, os vizinhos, pelo atendimento de urgência.
Finalmente, é importante se destacar, não apenas nesta discussão, mas em tantas
outras, o mérito pelas próprias condições de trabalho que têm os funcionários
do Pronto Socorro, que são péssimas as condições, onde, do atendente ao médico,
se sobrepõem a estas condições de trabalho, dignificando as suas profissões
dentro do complexo setor de saúde, dando um atendimento a uma parcela da
população, onde as condições físicas e emocionais são as piores possíveis,
exatamente por se tratar de um atendimento de urgência, com acidentes e tudo
aquilo que eles estão acostumados a atender diariamente. Nós temos sido, na
maioria das vezes, pacientes; no nosso caso, já num acidente grave que houve há
7 anos atrás, e quantos familiares e a população de Porto Alegre e pelas
próprias condições em que chegam ao hospital, que são as piores. O atendimento
que se tem não é apenas o atendimento de urgência; quantas vezes tem sido o
sustentáculo para as famílias e para o próprio doente; um atendimento de humanidade
para recuperar o paciente. Finalmente, não podemos deixar de destacar a questão
colocada aqui na cidade de Porto Alegre, com especificidade do HPS, se inclui
na grande luta que nosso povo tem de levar, que hoje se processa na Assembléia
Nacional Constituinte, com a junção das forças retrógradas e conservadoras,
querendo retroceder naquela conquista que todos temos de levar em conjunto, que
a saúde é um direito de todo o cidadão brasileiro e é um dever do Estado. Nesse
sentido não é mais do que um dever nosso questionar também, num momento como
este, dentro da especificidade da questão do Pronto Socorro, quando nós,
efetivamente, em unidade de ação, exigimos dos Executivos Municipais, Estaduais
e Federais que se aplique no social, que se coloquem verbas para a área da
saúde, para a área social, exatamente para podermos cumprir em conjunto com a
premissa máxima de que saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Os
funcionários do HPS, neste momento, com a votação desta Casa, que temos certeza
será unânime, no mínimo estão inseridos na grande luta pela saúde como um
direito de todos, como um dever do Estado, exatamente porque são uma
significante e importante parcela daqueles que dão sustentação, às vezes nas
piores conduções de trabalho e de remuneração, a um atendimento justo à saúde
da nossa população, indo muitas vezes acima de seus problemas pessoais, da
própria sobrevivência, o direito de todo cidadão de ter um atendimento digno à
saúde. Mas, na maioria das vezes, é dado em função do atendimento e do
desprendimento de funcionários da área da saúde, em destaque neste momento os
funcionários do HPS. Encaminho pela justeza, pela votação que tenho certeza
será unânime. A luta organizada dos senhores dará a primeira conquista. Ela tem
de continuar firme, através de suas entidades representativas, com um Plano de
Carreira que passe pelo HPS, pela área de saúde, e que passe por todos os
funcionários públicos do Município de Porto Alegre que, no fundo, dão
sustentação para que esta Cidade funcione. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito,
Ver. Paulo Sant’Ana, do PDT.
O SR. PAULO SANT’ANA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, este é o projeto mais surpreendentemente humano e mais
surpreendentemente justo que tramitou por esta Casa nos últimos tempos. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Próximo inscrito, Ver.
Getúlio Brizolla, que cede seu tempo ao Ver. Pedro Ruas.
O SR. PEDRO RUAS: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, não há
entre nós moradores de Porto Alegre que não tenha alguma vez sido atendidos,
pessoalmente ou alguém de sua família ou algum amigo seu, pelos médicos e
funcionários do Hospital de Pronto Socorro Municipal, e nessas ocasiões, Srs.
Vereadores, seria impossível deixar de notar o zelo e a vontade de acertar
permanentemente existente no trabalho daqueles funcionários e médicos. Por tais
motivos nos parece mais do que justo que esses funcionários, funcionários
dedicados do Hospital de Pronto Socorro Municipal, tenham um tratamento
diferenciado e, acima de tudo, sempre que para o Erário municipal for possível,
acréscimos e reajustes de salários que, por maiores que ocorram, e ainda não é
o caso, jamais farão justiça com o trabalho em condições sempre precárias que
aqueles funcionários desenvolvem naquele hospital.
Sra.
Presidente e Srs. Vereadores, por tais motivos, mais uma vez, é imperioso que
se utilize a tribuna como fez o Ver. Paulo Sant’Ana ao referir-se à justiça do
Projeto e, acima de tudo, deixar registrado nesta Casa um preito de gratidão e,
acima de tudo, de reconhecimento de um trabalho tão digno, tão correto e
executado quase sempre em condições tão difíceis. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Para encaminhar, a palavra
está com o Ver. Aranha Filho.
O SR. ARANHA FILHO: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, a Bancada do PFL, por meu intermédio, ocupa esta tribuna para
adiantar que votará favoravelmente ao Projeto, mesmo porque este é apenas um
passo inicial, dado que os funcionários municipais, como um todo, receberam, há
poucos dias, um aumento na base de 20%. Este, em particular, ao funcionalismo
do Hospital de Pronto Socorro, por tudo o que foi dito pelos meus pares que
ocuparam esta tribuna, que cantaram em prosa e verso o que faz e o que é o HPS,
é que todos nós achamos e entendemos que aquele corpo de funcionários deva ter
um tratamento diferenciado, e esse tratamento diferenciado é exatamente neste
sentido em que hoje vem à discussão e votação o aumento de 25%. Quando do Plano
de Carreira, que certamente virá no segundo semestre deste ano, nós estaremos
em condições de, mais uma vez, amenizarmos diferenciadamente estes exemplos de
servidores e exemplo de instituição, para que tenham um tratamento
diferenciado. E, nesta condição, estes 25% que hoje certamente estamos dando,
sobre o básico, estaremos dando, certamente, sobre os seus ganhos reais
adquiridos no tempo de sua carreira. Esta é a idéia e este é o tratamento que o
Partido da Frente Liberal dá a esta questão específica, para o que, ao
anunciarmos que votaremos por unanimidade na aprovação deste Projeto, apelamos
aos demais Pares que nos acompanhem nesta votação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encaminha pelo PMDB, o Ver.
Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, ocupamos a tribuna, tão-somente, para registrar a posição do PMDB
em cima deste assunto. Efetivamente esperávamos que isto tivesse vindo há mais
tempo, uma vez que o Prefeito Alceu Collares tem defendido a tese de que paga
bem e que paga com pontualidade. Entendo que esse pagamento já poderia ter
vindo há mais tempo. Essa luta dos funcionários do Pronto Socorro é uma luta
antiga e não vejo com muita euforia este abono, acho que poderia ter vindo com
mais antecedência. No entretanto, concordo com o Ver. Adão Eliseu, é um começo,
é uma proposta concreta, está aqui e o bom do Prefeito é que mandou a proposta
e o bom da Câmara é que se vai aprovar a proposta. Aqueles funcionários, talvez
os mais humildes do Pronto Socorro, vão receber hoje à tarde uma manifestação
favorável à proposta do Prefeito e o PMDB vota favoravelmente a este Projeto.
Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, Ver. Mano
José.
O SR. MANO JOSÉ: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, a Bancada
do PDS vota favoravelmente. Concorda plenamente com o que disse o Ver. Paulo
Sant’Ana: falar dos nossos colegas do HPS seria fastidioso, seria repetir o
óbvio quanto à dedicação que eles têm naquela instituição.
Apenas um
ponto me chama atenção: a gratificação vem muito simples. E é justa. Agora,
também acho e nesse sentido farei um projeto, que aqueles funcionários que
trabalham há dez, quinze anos, ou que venham a trabalhar por esse tempo e,
posteriormente, por motivos até de saúde, sejam transferidos do HPS, indo para
outros setores, então, o justo é que também levem à aposentadoria essa
gratificação que ora é dada. Nesse sentido apresentaremos um projeto, mas para
os funcionários com mais de dez anos de serviço. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cleom
Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, nosso encaminhamento é para ressaltar a justiça do Projeto que esta
Casa vota hoje, em que dá um pouco de condições àqueles funcionários, pela
natureza de seu trabalho. Os funcionários do HPS merecem um salário bem
superior àquele que a Administração, no momento, pode oferecer. Acresce que,
por qualquer motivo, aqueles que já tiveram oportunidade de chegar ao HPS para um
atendimento, são testemunhas do trabalho daqueles colegas, no seu apego e
atenção com que desenvolvem suas atividades, mesmo diante das noites
maldormidas, dos plantões, das dobras excessivas, em determinados tempos, por
necessidade de serviço, da má alimentação, etc. Chega, portanto, a vez em que
esta Casa, por proposta do Prefeito Municipal, pode oferecer àquele funcionário
um pouco de condições para minorar seus problemas e ajudar no seu orçamento
mensal.
Já verificamos
nesta Casa, pelos oradores que nos antecederam, que este Projeto será aprovado
com toda a justeza. E o fato de que a votação é secreta é exatamente por
imposição do Regimento Interno. Mas votação secreta ou descoberta não importa,
os méritos que temos, o reconhecimento que temos com os servidores do Pronto
Socorro vai ressaltar, pois são funcionários que trabalham, efetivamente, nas
piores condições de serviço que temos no Município de Porto Alegre.
Por isso é
desnecessário apelar a este Plenário para que a votação seja, na medida do
possível, unânime e, se não for possível a unanimidade, que seja com a maioria
dos votos, que seja esmagadora, para que os funcionários do Pronto Socorro
fiquem sabendo que esta Casa tem reconhecimento, admiração e uma amizade muito
grande por esses funcionários que trabalham em condições nada satisfatórias.
A Bancada do
PDT vota o Projeto enviado pelo Prefeito Alceu Collares, esperando que outros
projetos com outras vantagens, minorando sempre as dificuldades que os
funcionários têm, possam chegar a esta Casa no segundo semestre, no ano que
vem, mas que venham em condições para que o funcionário possa melhorar seu
orçamento mensal e que tenha bastante alegria ao trabalhar, pois verificamos
que com os baixos salários, com as piores condições, os funcionários têm dado
tudo de si, e todos nós somos testemunhas disso. Por isso eu, se pudesse,
votaria duas vezes. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Para encaminhar, com a
palavra, pelo PL, o Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, sempre entendemos que o Pronto Socorro Municipal, que de municipal
não tem nada, porque atende não só o Município, mas o Estado, o exterior, e
atende os turistas que nos visitam... É um trabalho de sacerdote, é um trabalho
difícil, numa insalubridade constante.
Dizia, há anos
atrás, quando votava, como sempre fiz, em favor dos funcionários do Pronto
Socorro, que até as visitas que vão ao Pronto Socorro deveriam receber
insalubridade. Até as pessoas que passam na porta do Pronto Socorro. Portanto,
como não poderíamos nós entender a validade, a justiça desta gratificação
altamente meritória. Este Processo poderia ser votado simplesmente por
aclamação. Não era preciso voto secreto, nem o voto a descoberto ou nominal. Os
funcionários o Pronto Socorro, a justiça do Projeto, valeria, simplesmente, se
fazer a votação por aclamação.
Dizia eu que,
mesmo pertencendo à ex-ARENA e ao PDS, muitas vezes fui ao Pronto Socorro lutar
junto com os funcionários, pelos atendentes, pelos auxiliares de enfermagem. E
eles são testemunhas disso. Eles devem se recordar daqueles que trabalharam
sempre em função da justiça das suas reivindicações.
Por isso, como
Vereador solitário do PL, eu voto favoravelmente, não poderia ser diferente e
diria como o Ver. Cleom disse: votaria uma vez, dez, mil vezes, sempre pelos
funcionários do Pronto Socorro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PCB, o Ver.
Lauro Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, eu não precisaria vir à tribuna dizer que voto favoravelmente a
este Projeto, porque tenho invariavelmente me comportado de acordo com o
posicionamento dos funcionários municipais nas suas mais justas reivindicações.
A excepcional importância o Pronto Socorro, pelo serviço público que presta,
não só a Porto Alegre, mas ao Estado do Rio Grande do Sul e aos outros Estados
do País, o Pronto Socorro nos merece um carinho todo especial. E quando eu digo
Pronto Socorro, eu falo no seu corpo médico, no seu corpo funcional, enfim, em
toda a estrutura que é o Pronto Socorro Municipal. Esta não é hora de
demagogia, portanto, os 25% que o Sr. Prefeito está a propor não podem ser
alterados, mas se sabe também que os funcionários do Pronto Socorro
reivindicavam um percentual maior. É claro que, dentro da conjuntura municipal,
exposta pelo Prefeito por ocasião da greve dos funcionários municipais, não foi
possível se obter um atendimento a reivindicações maiores, mas isto justamente
deve servir de alavanca para que os funcionários do Pronto Socorro continuem
lutando, não só por melhorias salariais, como é de justiça, pelo tipo de
serviço que prestam, mas, sobretudo, pelo Plano de Carreira. Só peço aos
funcionários que hoje acompanham esse processo de discussão e votação que não
se isolem no Pronto Socorro, que procurem entender a luta de todos os
municipários, até por uma situação privilegiada em relação ao grau de
desenvolvimento que atingiram dentro do quadro funcional do Município. É
preciso que tenham esta compreensão com outros menos aquinhoados e esta luta de
vocês, que hoje chega a uma etapa mais avançada, não deve servir apenas de
consolo, deve servir de incentivo à luta. Portanto, o Partido Comunista
Brasileiro vota favoravelmente à proposta contida no Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: O tempo regimental está
esgotado. Prorrogamos a Sessão por mais duas horas.
Em votação.
(Votaram 31 Vereadores: Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Nilton Comin, Flávio Coulon, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani e Kenny Braga.)
A SRA. PRESIDENTE: Trinta votos SIM, 01 voto em branco. APROVADO o PLE n° 034/87.
(Obs.: Foram escrutinadores os Vereadores Hermes Dutra e Mano José.)
A SRA. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento
do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando seja o PLE n° 034/87 dispensado de
distribuição em avulsos e interstício para a sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Luiz Braz: pela aprovação; e
- da CUTHAB. Relator, Ver. Paulo Sant’Ana: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Em discussão. (Pausa.) Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL n° 027/87 permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa,
Requerimento de autoria da Verª Gladis Mantelli, solicitando seja o PLL nº
027/87 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação
Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 917 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 026/87, do Ver. Jorge Goularte,
que denomina Rua Affonso Paulo Feijó uma via pública.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Ignácio Neis: pela aprovação; e
- da CUTHAB. Relator, Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.)
Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL n° 026/87 permaneçam sentados. APROVADO.
Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Jorge Goularte, solicitando seja o PLL 26/87 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 2291 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 063/86, que dispõe sobre a
realização de exame psicológico para ingresso no Serviço Público Municipal e dá
outras providências.
Parecer Conjunto:
- da
CUTHAB e COSMAM. Relator-Geral, Ver. Frederico Barbosa: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Em discussão. Com a palavra,
o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, eu vou ter oportunidade de repetir isso que vou dizer agora mais
tarde, mas se o Dr. Collares reclamar desses últimos dias aqui da Câmara, será,
acima de tudo, um ingrato.
Mas, este
Processo, que chegou aqui em 1986, quando aqui eu não estava na vereança, e tem
a data de 30 de setembro, mais o Parecer Conjunto em 24 de julho, este Projeto,
Sra. Presidente e Srs. Vereadores, eu não tenho condições de votar. Vou votar
em branco, porque, efetivamente, com esta lista que aqui veio, de cargos, de
candidatos, evidentemente não sei de onde surgiu, não consigo imaginar, por
exemplo, o grupo de administração geral, de cobrador do DEMHAB, ter que fazer
exame psicológico, o cobrador de outro local não precisa, o eletricista tem que
fazer, mas o carpinteiro não. Então, como não tenho condições de, pela
origem... Eu, pessoalmente, vou votar em branco, para não atrapalhar este nosso
festival, hoje, de processos, mas quero dizer que aquele voto que aparecer em
branco, na votação secreta, é meu. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Para discutir, a palavra
está com o Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, eu não sei se me sinto mais cansado, desiludido, neste fim de tarde
de hoje do que me senti na sexta-feira, em relação ao Plano Diretor. Agora vão
entrar dois Projetos em discussão, que se situam entre aqueles que classifico
de “trem”, de “trem da alegria”, mas é “trem” mesmo, é “trem grande”. Um deles
é este aqui, que dispõe sobre a realização de exame psicológico. Admiro-me de o
Secretário de Administração, no jornal, falar que a Câmara, na semana passada,
contra o meu voto, aprovou um “trenzinho da alegria” aqui, e ele tem coragem de
mandar este Projeto para cá, porque, se tem “trenzinho”, ele é “maquinista”,
ele é “maquinista” desses dois que vêm aí. Espero que me dêem o destaque que
deram à entrevista dele, que não me atingiu, estou tranqüilo, votei contra,
subi à tribuna e defendi na frente dos interessados. Agora, quero que ele venha
explicar estes dois que vão entrar. E um trem é este aqui, onde eles confundem
ingresso com provimento, coisas bastante diferentes. Então, para entrar no
serviço público se faz um exame psicológico, conforme diz aqui, em caráter
informativo. O ferreiro faz exame para ferreiro, o eletricista faz exame para
eletricista, em caráter informativo, o operador de máquina faz exame
psicológico específico. Agora, sutilmente, o que querem fazer aqui é aproveitar
esse exame e dizer que o mesmo vale para ele passar de ferreiro para médico,
para assistente social, para cirurgião-dentista - engenheiro não estou vendo
aqui, mas deve valer, também - professor. É brincadeira, e vai ser aprovado! A
ilustre Assessora Jurídica da Casa coloca, tranqüilamente: “Há uma falha
técnica que carece reparo, referimo-nos à expressão ingresso no serviço público
municipal que, no nosso entender, está a significar condição de quem nunca foi
funcionário”. Pergunta ela: “Quem será submetido a exame psicológico em caráter
seletivo?” Absolutamente ninguém. O que me parece é que deve haver alguém, lá,
um ferreiro ou alguma coisa, que não consegue passar e se tornar um médico,
então vão eliminar esse exame para ele porque ele vai passar. Nós vamos
entregar o quadro de profissionais sem fazer com que eles sejam examinados para
saber se têm condições psicológicas para exercer sua profissão? Não é de rir, é
de chorar.
O Sr. Nilton Comin: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em um hospital em que trabalha, havia um médico,
muito espirituoso, o qual, em um dos testes que V. Exa. coloca, fez a seguinte
consideração: “Bom, vai ser interpretado pela cabeça de quem faz o teste. Então,
vou tomar tal atitude, porque ou ele me considera o maior macho da terra ou uma
grande dama da terra”. Logo, quando você faz esse teste, se você mostrar um
formão ou uma pua, cada um interpreta à sua maneira. É assim. Estava até rindo,
há pouco.
O SR. FLÁVIO COULON: Mas é de rir, Ver. Nilton
Comin. Veja o que diz a Assessora Jurídica: “Diante do posicionamento feito
pelo órgão do Executivo, registramos nosso espanto ao constatar que aquela área
técnica, embora reconheça a necessidade de alterar o texto do art. 10,
parágrafo único da L.C. n° 133/85, de modo a resguardar as relações entre a
capacidade pessoal do indivíduo e as exigências do cargo a ser promovido, optou
por manter ambos os textos”. A Assessora Jurídica se espanta e não acontece
nada. A Prefeitura manda e conserva as coisas no seu devido lugar. Diz o Ver.
Frederico Barbosa, em seu Parecer, que “irá, futuramente, apresentar estudos
com vistas à adequação da legislação estatutária, conforme sugestões da
Assessoria Técnica Parlamentar da Câmara Municipal de Porto Alegre”.
Confirmou-me o Vereador - e tenho plena certeza de que irá apresentar esse
estudo. Mas, e até lá, até se apresentar esse assunto, o que vai acontecer?
O Sr. Frederico Barbosa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu ia pedir-lhe que fizesse essa declaração. Mas, na
verdade, parece-me que tendo estudado com a assessoria exatamente o Parecer que
V. Exa. leu, com referência à Assessoria Técnica, é que se chegou a essa
conclusão. Em primeiro lugar, que o Executivo coloca por escrito que a
Assessoria Técnica da Casa tem razão; em segundo lugar, que me parece que está
havendo um pequeno problema de interpretação que V. Exa. está fazendo. Porque
este Projeto - e isto vou deixar de antemão, vou usar o tempo e depois boto à disposição
de V. Exa. para dialogar -, este Projeto é, única e exclusivamente, a
regulamentação de uma lei já vigente. Enquanto não aprovarmos, esta relação
existe e não pode ser colocada em prática a Lei Complementar que determina a
aplicação de um teste psicológico para ingresso. Aí sim entrou, em
contrapartida, a Assessoria Técnica da Casa, e no que concordo, também, que não
deva ser só no ingresso, mas no provimento dos chamados concursos internos. Se
nós, nesse momento, paralisássemos este Projeto, não daríamos armas ao
Executivo para aplicar o teste em concursos que estão sendo chamados agora.
Então, a idéia
que me proponho para facilitar, para que o Executivo tenha um mecanismo de
aplicar o teste psicológico é, imediatamente, com um xerox que já detenho de
todo o Projeto, entregar à Assessoria Técnica da Casa pedindo duas emendas, uma
à Lei Complementar, que não pode ser modificada neste Projeto que V. Exa. tem
em mãos, uma modificando para ingresso e provimento em concursos internos, e,
conseqüentemente, a emenda necessária e este Projeto, se for aprovado.
Era o que
queria, fui longo, mas coloco o meu tempo à disposição de V. Exa., para
dialogar.
O SR. FLÁVIO COULON: Ver. Frederico Barbosa,
seria capaz de propor um aposta a V. Exa. no sentido de que as emendas ou
projeto que V. Exa. irá apresentar à Casa não irão ser aprovados pela Casa, não
passam aqui e nem lá. Em todo o caso, justifiquei aqui a minha posição contra o
Projeto. Se agora não está especificado, que continue como está que é melhor do
que desta maneira. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, para discutir, o Ver.
Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, na realidade, ao emitir um parecer favorável a este Projeto, da
maneira com que o nobre Vereador que me antecedeu colocou, na primeira parte do
meu pronunciamento eu sou obrigado, se não a me colocar como maquinista do trem
acusado, pelo menos um daqueles que estariam a ajudar o acionamento de algo
que, segundo o Vereador que me antecedeu, é mais um “trem da alegria” no
Município de Porto Alegre. Quero deixar absolutamente claro que, em primeiro
lugar, não estou aqui por pertencer à Bancada do PFL para debater os Projetos
do Executivo Municipal de Porto Alegre. Mas, conscientemente, tendo estudado
exaustivamente, muito menos por mim e muito mais pela Assessoria Técnica da
Casa, estou consciente do Parecer que lavrei e do voto favorável que darei a
este Projeto que, diga-se de passagem, esteve tramitando por longo tempo nesta
Casa e que depois de dois extensos pareceres da Assessoria Técnica desta Câmara
Municipal e de uma diligência solicitada por este Vereador ao Executivo,
lastimo profundamente que alguns Vereadores não tenham tido a oportunidade de
examiná-lo ou de poder, juntamente comigo, até mesmo foi o caso específico do
meu companheiro de Partido, o Ver. Artur Zanella ...
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu só queria dizer a V. Exa. que na época em que foi
encaminhado o Projeto, infelizmente, ou felizmente, eu nem sei o que dizer
mais, eu não estava aqui. Por isso que eu disse que eu votaria em branco,
porque eu não tinha participado. Mas, com a informação de V. Exa., eu
reconsidero a minha posição.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Eu agradeço pelo aparte de
V. Exa., porque o primeiro Parecer da Assessoria Técnica é datado de 27 de
março deste ano e, basicamente, este Projeto traz, como diz, um rol
absolutamente claro de funções que merecerão necessariamente a partir de agora
um exame psicológico para ingresso no serviço público. E este Projeto decorre
do que dispõe o parágrafo único do artigo 10 da Lei Complementar 133, aprovada
em 31 de dezembro de 1985. Exigia do Executivo o que não tinha sido feito até
agora, que era esse rol de funções tendo o teste psicológico aplicado. A
Assessoria Técnica da Casa, através da Dra. Maria Helena Barros, alertou, e
muito bem, sobre o porquê da aplicação do teste psicológico para ingresso e não
para progressão dentro do Executivo Municipal, explicando inclusive que, pelos
efeitos da progressão e o sistema aplicado pelo Executivo, uma pessoa pode
passar de uma função para a qual, em tese, está preparada para outra que pode
não ter correlação com a que faz. E colocou este como falha ou esquecimento do
Executivo. Outro projeto, por minha solicitação, foi enviado ao Executivo, que
é réu confesso neste item e diz que seria interessante se fazer esta correção.
Em contato com o Executivo, fui ao Executivo dialogar com os técnicos e
chegou-se à conclusão única: não aprovar agora é deixar o Executivo sem a
possibilidade, de em concursos que estão sendo chamados atualmente, ser
possível aplicar o teste. Eu fui mais longe, Ver. Flávio Coulon, como pode o
Executivo aplicar o teste, se aprovarmos isto hoje, se não estava no edital? E
a informação que recebi do Secretário Fadel é de que existe um parecer da
Procuradoria do Município que permite esta aplicação no momento em que
aprovarmos esta lei, desde que, evidentemente, o concurso seja um dos que está
no rol aqui apresentado. Aqui não haveria maneira de se fazer a correção
“ingresso para provimento”, porque a lei é a Lei Complementar 133, aprovada em
dezembro de 1985. A única solução seria, para que não se paralisasse o Projeto,
que se fizesse a aprovação dotando agora o Executivo deste instrumento. Fiz a
sugestão de que o Executivo realizasse essas emendas, e o Sr. Secretário da
Administração questionou porque eu não fazia, o que me propus, se este é o
caso, a apresentar imediatamente; como esta tramitação se fará até o final do
mês de agosto, até lá o Executivo poderá fazer um exame psicológico nos
ingressos. Hoje, pela manhã, preocupado, após conversar com o próprio Ver.
Coulon sobre este Projeto, voltei a contatar com o Executivo Municipal, através
dos técnicos da Administração e do Secretário Fadel e questionei sobre uma
série de concursos e o Secretário ainda me dizia: não revelo nada demais.
Agradeço ao Ver. Ignácio Neis pela cessão de seu tempo e ao Ver. Clóvis Brum
pela intenção. Mas o Secretário Fadel me dizia da intenção de, após aprovado
este, dialogar calma e serenamente sobre as possibilidades, e o próprio Ver.
Coulon me colocou, de que concursos internos poderiam estar - e esta é a nossa
preocupação - passando pela cabeça do Executivo, eis que estamos aqui e o
Executivo está lá, que concursos internos poderiam estar prontos para serem
realizados dentro deste período. E o Secretário me afirmava - e até que provem
o contrário, não posso duvidar - de que simplesmente abrir agora um concurso
interno, sem antes reunir os técnicos da Secretaria e examinar um quadro de
concursos internos, certamente antes de beneficiar alguns, ele estaria criando
um enorme problema para si, ou seja, na escolha daquele concurso, um ou dois ou
três, no momento em que estivesse tramitando um projeto aqui 5, 6 ou 10 dias,
mesmo no recesso, nos permite o ingresso de emendas deste tipo na Casa, para
futura tramitação em agosto. Que problema estaria ele criando para si, ao abrir
ou permitir que se estudasse algum concurso interno, com referência ao quadro
total do Município. Ou seja: o benefício de uns poderia criar o caos para ele
mesmo Secretário.
O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Ver. Frederico Barbosa, o que eu não consigo entender nesta sua afirmativa
é que, de repente, existe um Projeto que nós vamos votar daqui a pouco, neste
Plenário, exatamente de concursos internos. O 781. E outra coisa: também não
posso entender por que esta vontade do Executivo, através do Secretário Fadel,
de liquidar com os concursos públicos, porque, através da letra “b” também do
art. 110, ele simplesmente liquida com os concursos públicos. Então, esta sua
afirmativa da tribuna, a respeito do Secretário Fadel, não encontra respaldo
naquilo que está tramitando na Casa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Veja bem, Vereador, o que eu
estou procurando - não sei se vou conseguir ou não - é não misture as coisas.
Este Projeto não está criando absolutamente nada. À Dra. Maria Helena, que
estudou o Projeto muito melhor que eu, solicito que ela corrija imediatamente,
a fim de que eu não cometa um ato falho ou induza alguém a votar
favoravelmente. Este Projeto que aqui está é bem claro: “para efeitos do que
dispõe o artigo 10 da Lei Complementar ...” É, se eu não erro o termo, a regulamentação do artigo, é a apresentação
do rol das funções para ingresso no serviço público. A Dra. Maria Helena
encontrou um ato falho.
O Sr. Luiz Braz: Eu ouvi V. Exa. dizer da tribuna que o
Secretário Fadel havia afirmado que não é intenção do Executivo fazer nenhum
concurso interno. A não ser que eu tenha ouvido mal. E, quando eu vejo que tem
um Processo, o 781, que trata exatamente dos concursos internos - e até é a
pergunta dos funcionários, hoje, conversando com os Vereadores, conversando
Vereador por Vereador sobre concursos internos -, entendi que o Secretário
Fadel fala uma coisa e na Casa tramita outra coisa diferente.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nada tenho contra a que se faça avaliação
psicológica, mas avaliação psicológica dentro do caráter seletivo causa-me
dúvidas. Lembro meu falecido pai, que foi motorista durante 36 anos e meio e se
aposentou porque inventara a carteira de motorista com exame psicológico e ele,
que não tinha intenção de se aposentar, foi renovar a carteira. Veio a
psicóloga do DETRAN e ele teve de fazer o exame psicotécnico. Trinta e seis
anos e meio de direção de caminhão sem sofrer um acidente, sem atropelar
ninguém, foi reprovado. Meu pai, um homem analfabeto, não aceitou aquilo na
hora de pedir sua aposentadoria. Confesso que tenho um medo danado, em vista do
erro que se cometeu com meu velho e finado pai.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Gostaria também que a
Liderança do Partido do Governo se manifestasse, até porque o Projeto continua
sendo do Executivo Municipal de Porto Alegre e este tem um Líder nesta Casa que
poderia me ajudar, até porque o Ver. Cleom Guatimozim é psicólogo, tem
“know-how” e pode falar sobre a tese da aplicação dos testes ou não. Gostaria
de dizer ao Ver. Luiz Braz que, concretamente, não digo que V. Exa não tenha
razão e por isso gostaria do apoio do Líder do Governo.
Este Projeto
sobre o exame psicológico para ingresso apresenta o respectivo rol, ou seja,
aprovar... Nós não temos dúvidas que para eletricista, noutro grupo para
motorista, só para dar um exemplo, noutro grupo para fiscal, necessariamente
terá a aplicação do exame.
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Peço silêncio no Plenário.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Volto a dizer que seria
muito importante a participação da Bancada do Partido do Governo neste Projeto.
O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do
orador.) V. Exa. está fazendo um longo exercício, e V. Exa. está sendo verídico
neste exercício, para tentar defender este Projeto do Executivo. É claro que
nem mesmo o Líder do PDT aqui nesta Casa tem argumentos mais brilhantes do que
os apresentados por V. Exa., mas que, infelizmente, são argumentos que não
convencem, porque são argumentos que não dizem o porquê do Projeto, e, inclusive,
volto a frisar novamente, como V. Exa. dizia sobre os concursos internos, e de
que o Secretário dizia que não pretende criar nenhum concurso interno no
momento, porque não se tem nada organizado. Volto a frisar que temos um Projeto
a ser votado daqui a um pouquinho, exatamente criando concursos internos,
terminando, liquidando com os concursos externos, com o concurso público.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço o aparte de V.
Exa., e digo que nada mais, neste exercício que V. Exa. diz que faço em defesa
do meu Parecer, que diz respeito única e exclusivamente a este Projeto, já me
dispondo, inclusive, a realizar uma emenda para aperfeiçoar, de acordo com
aquilo que o próprio Executivo coloca como Parecer, a diligência que é a
certeza de que a inteligência e capacidade de Assessoria Técnica desta Casa
estava correta no momento em que acusou esse lapso, essa falha do Projeto,
volto a dizer que este Projeto tem um rol...
(A Sra.
Presidente preme a campainha.)
Vou tentar
encerrar, Sra. Presidente, pedindo, apenas, a condescendência da Mesa pelo
tempo em que V. Exa. tentou acalmar os ânimos do Plenário em que, mesmo não
conseguindo, fui obrigado a paralisar meu pronunciamento.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Ver. Frederico Barbosa e
Srs. Vereadores, sobre a mesa, dois Requerimentos:
- de autoria
do Ver. Cleom Guatimozim, Requerimento solicitando que, após tramitação
regimental, seja o Processo 2291/86, PLE 63/86, que dispõe sobre a realização
do exame psicológico para ingresso no serviço público municipal e dá outras
providências, retirado de urgência.
- de autoria
do Ver. Cleom Guatimozim, Requerimento solicitando que, após tramitação
regimental, tenha o Processo 2291/86, PLE 63/86, que dispõe sobre a realização
do exame psicológico para ingresso no serviço público municipal e dá outras
providências, adiada a discussão e votação por 3 Sessões.
Vereador
Frederico Barbosa, esses Requerimentos referem-se ao Projeto que V. Exa. está
discutindo.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente, gostaria de
encaminhar esses Requerimentos.
A SRA. PRESIDENTE: V. Exa. está com a palavra
para encaminhar.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, Ver. Luiz Braz, V. Exa., realmente, com a experiência de um homem
que atua tanto tempo na política, acertou na mosca. A partir do momento desta
retirada, deste adiamento, acho que V. Exa. foi sábio ao dizer que eu estava
tentando fazer um exercício no sentido de ajudar na aprovação deste Projeto,
porque foram longas caminhadas para que o Executivo me explicasse aquilo que
tentei explicar e que, mesmo não atingindo a todos, pelo menos mostrei aquilo
que é obrigação clara e pura de um Vereador, que é examinar, trabalhar e
colocar a sua opinião sobre o Projeto. Lastimo, Ver. Luiz Braz, que tenha usado
o meu tempo, o tempo do Ver. Ignácio Neis e começado a usar o tempo o Ver.
Aranha Filho para fazer esse encaminhamento, em nome de minha Liderança,
exatamente para que conste nos Anais, porque depois de tanta conversa, desde
março até agora, e, principalmente, hoje, neste momento, o Projeto ter sido
retirado pelo Vereador Líder do Governo. S. Exa. parece-me, tendo “know-how”
muito maior por ser psicólogo, chega a alguma conclusão a que não cheguei ou
encontra algum lapso maior do que aquele que não encontrei. Mas, mesmo
lastimando, todos os projetos que a mim vieram para relatar, pretendo continuar
- apesar de ser chamado por alguns de estar ajudando o Executivo - pretendo
fazer a mesma coisa: todos os contatos possíveis e viáveis para levar adiante
aquela idéia que lavrei no Parecer. Neste, favorável. Mas, não podemos deixar
de dizer que, profundamente, lastimamos. Realmente lastimamos que tenha sido
retirado. Era muito mais fácil que me tivessem poupado da dor nas costas que
estou sentindo, mais a dor de garganta para defender o Executivo que achou mais
fácil, na hora, retirar o Projeto para estudar depois aquilo que, pelo
telefone, há uma hora atrás, dizia que era imperioso aprovar o mais rápido
possível. Não é mais uma desilusão, mas, sem dúvida, é mais uma lição para este
que agora faz às costas dos senhores um desabafo de quem tentou, mais uma vez,
estar coerente com sua própria consciência. Era isso, Sr. Presidente. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Em votação os Requerimentos.
Os Srs. Vereadores que os aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.
PROC. 1129 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N° 033/87, que cria o Sistema de Atendimento ao Menor, autoriza a
alienação de área e dá outras providências.
Observação:
- Incluído na Orem do Dia por força do artigo 44 da Lei Orgânica do
Município.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. Para discutir,
Ver. Luiz Braz, V. Exa. está com a palavra.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é evidente
que nenhum Vereador, neste Plenário, pode ser contrário à criação de creche ou
casa para as crianças. Ninguém! A última vez que este Projeto veio a Plenário,
trouxe dúvidas à cabeça de muitos Vereadores que não se resolveram, ainda, como
votar. Aqueles terrenos, nobres terrenos, nobres faixas de terras localizadas
nas melhores regiões de Porto Alegre, de repente, essas faixas de terra estão
sendo colocadas à venda através de licitação pelo Sr. Prefeito Municipal para
que, com o dinheiro arrecadado por essas vendas, possam ser construídas, não
apenas as Casas das Crianças, como diz aqui o Projeto. Srs. Vereadores, atentem
que o artigo primeiro desse tal de Projeto de Lei diz que fica criado no
Município de Porto Alegre o Sistema de Atendimento ao Menor. E nesse Sistema de
Atendimento ao Menor, Ver. Flávio Coulon, não é enquadrada apenas a Casa da
Criança, mas existem outras casas. E o Projeto, safadamente, não apresenta no
seu corpo, a não ser as emendas que entram depois, que o total de venda seria
empregado para construção dessas Casas. Porque ele coloca, também, no parágrafo
único do artigo primeiro, o seguinte, como diz aqui: Casa da Criança e aquele
malfadado “Nenhuma criança sem escola”. Este até hoje não deu certo coisíssima
nenhuma. Porque esse Projeto “Nenhuma criança sem escola” apenas foi uma demagogia.
Demagogia esta empregada pelo PDT durante muito tempo e que, infelizmente, à
mercê desta demagogia, muitas crianças ficaram totalmente sem escolas. E nós
sabemos. Nós comprovamos isso. Basta que visitemos as regiões periféricas da
Cidade e vamos notar que muitas crianças ficaram sem escola.
Outra coisa,
na letra “d” do parágrafo único: Centro Integrado de Educação Municipal
Especial. São os Centros Integrados que também não deram certo aqui e que, de
repente, se nós deixarmos o Projeto assim como está, este produto da renda
desses terrenos servirá para fazer esta demagogia também.
Então, na
verdade, o objeto do Projeto, o objeto final do Projeto, se corrigido, até que
é bom, não é ruim, porque ninguém está contra realmente a construção da Casa da
Criança.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Luiz Braz, eu concordo com V. Exa. e só
quem não conhece o que é a construção de imóveis é que pode pensar na
possibilidade remota de se construir cem casas-lares em vinte meses. Isso é
sonho de uma noite de inverno, porque estamos no inverno. Cem casas-lares em
vinte meses, Ver. Mano José, V. Exa., que tem uma experiência, nesta área, só
numa noite de São Pedro em sonho muito grande. E, depois, parece que houve uma
modificação muito grande no Processo.
Agora, vai
ficar a critério de quem? Fala-se igualmente nas cem casas-lares, mas se coloca
que pode ser aplicado em outros projetos. Então há uma confusão aqui que não
está bem esclarecida.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Jorge Goularte, porque na verdade este
Projeto de Lei do jeito que ele veio aqui, hoje, para explaná-lo ele poderia
ser dividido em três outros projetos, porque um projeto do Centro Integração de
Educação Municipal, que não tem nada a ver com o produto de arrecadação; outro
o Projeto “Nenhuma criança sem escola”, malfadado, porque não deu certo, Ver.
Ennio Terra, até que eu queria que desse certo, porque, afinal de contas, todos
nós queremos que algum dia nesta terra, não só aqui em Porto Alegre, mas em
todo o Brasil, tenhamos oportunidade de vermos as crianças com a possibilidade
de freqüentar escolas e nas escolas encontrarem os professores, porque o que se
vê hoje em dia não é nada disso, é completamente o contrário.
O Sr. Ennio Terra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Apenas para contraditar o Ver. Jorge Goularte que,
quando se fala em casa de menores, gostaria que prestassem bem a atenção,
porque casa de menores não é para quem mora no Parcão, é para quem mora nas
vilas e que precisa de uma casa que dê assistência para que os pais possam sair
para trabalhar, que tenha uma assistência de higiene, de bons costumes, ao
invés de os garotos andarem pelas ruas. Por isso, tenho certeza de que o
programa pode ser executado nesses vinte meses, Ver. Jorge Goularte. Há
possibilidade, porque não vão ser construídos castelos. O DEP tem condições de construir Casas da Criança e já
tem projeto pronto. Inclusive está sendo executado lá como poderão ser feitas.
Por que razão tudo o que se faz no Brasil tem que ser suntuoso? Até discordo
com os CIEPs que estão sendo feitos, porque são obras gigantescas, poderiam ser
bem inferiores. Portanto, quanto ao problema da criança sem escola, até o ano
que vem, se Deus quiser, não teremos mais crianças sem escola.
O SR. LUIZ BRAZ: Espero que V. Exa. tenha razão. Só não quero,
Ver. Ennio Terra, é que de repente esse Projeto, que já está destinado, que
deveria ser destinado às Casas da Criança, estaria sendo destinado para a
construção de cem Casas da Criança, que saia daqui para construir CIEPs, para
construir canchas de esporte. Gostaria que fosse exatamente usado para a
construção das Casas da Criança. A emenda do Ver. Hermes Dutra é nobre, porque
tem alguma coisa de nobreza, mas diz que até 10% dos recursos referidos no
“caput” deste artigo serão aplicados na construção de unidades destinadas ao
atendimento de pessoas portadoras de deficiências físicas ou mentais, ou
sensorial - visão ou audição. Eu digo isto, porque nós trabalhamos com diversas
casas de deficientes e sabemos muito bem que existem muitas casas que estão em
estado lamentável, em algumas, como a do Menino Jesus de Praga, os excepcionais
estão para ser despejados, etc. Então, se esta Emenda do Ver. Hermes Dutra
pudesse beneficiar a estes excepcionais, ou outros deficientes, isto tornaria o
Projeto bem mais nobre do que ele é.
O Sr. Kenny Braga: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu entendo que o Projeto é absolutamente claro e não
deixa nenhuma dúvida. A sua preocupação é no sentido de saber se os recursos
auferidos com as vendas dos terrenos se destinarão, especificamente, para a
construção da Casa da Criança. Pois isto fica absolutamente claro no art. 3°,
que diz o seguinte: “Os projetos e programas referidos nas alíneas ‘b’, ‘c’ e
‘d’, do art. 1°, desenvolvem-se com recursos específicos”. Quais são as alíneas
“b”, “c” e “d”? “Nenhuma criança sem escola”, “iniciação profissional” e
“Centro Integrado de Educação Municipal”. É evidente que estes três itens têm
dotação específica.
O SR. LUIZ BRAZ: Eu só não entendo, Ver. Kenny Braga, é, se
tem dotação específica, por que vem junto com o Projeto? Não dá para entender
por que as alíneas “b”, “c” e “d” precisam vir junto com o Projeto, se não
fazem parte dele.
Para concluir,
quero dizer que as Emendas apresentadas pelo Ver. Antonio Hohlfeldt e pelo Ver. Lauro Hagemann são muito boas,
melhoram o Projeto, deixam-no mais sem risco. Na realidade, o Projeto veio
muito incompleto, embora da última vez que ele tramitou aqui nós tivéssemos
pedido para que a Secretária Neuza Canabarro mandasse esse Projeto com maiores
detalhes, para que os Vereadores pudessem estudá-lo. Mais uma vez vem ao
Plenário sem nenhum detalhe, açodadamente e modificado, modificado para pior,
infelizmente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SR. PRESIDENTE: Próximo inscrito, Ver. Caio Lustosa.
O SR. CAIO LUSTOSA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, sem a pretensão de obter qualquer êxito e analisando o presente
Projeto n° 033/87, que objetiva criar um Sistema de Atendimento ao Menor,
autoriza alienação de área e dá outras providências, sinto-me, no entanto, no
dever de fazer um registro para que ao menos as gerações futuras não digam que
todos se omitiram num questão tão séria. De tempos a esta parte eu comecei a
desconfiar de que o nobre Prefeito, no intuito até compreensível de se projetar
como administrador, ele que já se projetou como legislador, vem insistindo e
jogando projetos, não digo mirabolantes, mas que podem nos levar a acreditar
que se trata mesmo de delírio de grandeza, que, se nos parece, se acontece, não
se coaduna com o momento de crise que vive esta Cidade, este Estado e este
País. No oportuno tempo examinaremos um Projeto desta dimensão, que é apregoado
para a dita Praia do Guaíba, e então poderemos discutir melhor. Mas,
especificamente, este caso da venda de terrenos, de áreas de altíssimo valor,
pertencentes ao Município de Porto Alegre, e sobras de desapropriações que
conduziram à abertura das radiais e perimetrais, este, realmente, há de ser o
ponto em que devemos colocar toda a nossa reflexão, porque se tratam dos
últimos terrenos de alta valia desta Cidade, e pertencentes à municipalidade. É
uma primeira constatação que temos que fazer. Em inúmeras oportunidades, temos
citado o risco que Porto Alegre sofre de transacionar praticamente todos os
seus espaços públicos remanescentes, sem ficar com uma reserva de lotes para
necessidades futuras de implementação de serviços do interesse da
municipalidade, de cada um dos munícipes. Este é o primeiro dado que queremos
trazer à sensibilidade desta Casa.
Outro aspecto
que não é de desprezar: é por que, se o Município pode optar por outras formas
de alienação, que não a venda - um exemplo, a concessão real de uso de áreas
que poderiam sim, se o objetivo é auferir recursos, poderiam sim ser objeto do
jogo do mercado, não com locações aviltadas, que é um argumento que se coloca
aí para, inclusive, confortar a venda, que essas áreas estão locadas por valor
mínimo, essas áreas poderiam receber uma locação condizente com seu valor real,
como outras áreas da iniciativa privada ou da propriedade privada imobiliária.
Por que não se faz uma concessão real de uso por um prazo até razoável, que
seja, digamos, apetecível aos senhores empreendedores? Mas não é a venda pura e
simples e que não tem mais volta no momento de efetivar. Se analisarmos cada um
desses laudos de avaliação que existem, veremos que há coisas, como um imóvel
com uma localização mais ou menos estabelecida, mas que, de repente, em vez de
ser claramente especificado, tem limites assim: limita-se com quem de direito.
Quer dizer, qualquer cidadão terráqueo pode ser proprietário de um imóvel
limítrofe desse. E quem diz que, lindeiro com um desses terrenos que agora é
posto a venda, não estará alguém que já vem apostando nessa jogada há muito
tempo? Sabe-se que o valor de um terreno de 1000m² e de dois terrenos de
1000m², isoladamente, não corresponde, é muito inferior a uma área de 2000m²
com maior testada, com maior índice de construção possível e tudo o mais. Portanto,
nessas indefinições fica muito mais difícil se defender a alienação de
praticamente os “filés” de solo urbano ainda pertencentes à municipalidade. Não
sei se por uma coincidência, desastrosa a meu ver, o processo de licitação que
deverá presidir, acredito, a celebérrima ferrovia Sul-Norte ou Norte-Sul do
Ministro dos Transportes, não menos célebre, pelo caráter tumultuado e suspeito
daquela concorrência, inclusive verberada nesta Casa... Houve uma modificação
na Lei das Licitações, dentre as quais a concorrência é a forma que deve
nortear a alienação de imóveis. Pois bem, nos preocupa que o Município nos
encaminhe uma minuta do edital que será publicado para a concorrência desses
terrenos. Esse edital - tive o cuidado de confrontá-lo com o Decreto ora
vigente das licitações e verifiquei que ele, lógico, o Prefeito, não é obrigado
a encaminhá-lo agora - merece preocupação.
A SRA. PRESIDENTE: Ver. Caio Lustosa, a Verª
Jussara Cony se inscreve e lhe cede seu tempo.
O SR. CAIO LUSTOSA: Obrigado à Verª Jussara
Cony; preocupa-me que na minuta não consta o mínimo de requisitos necessários,
segundo o Decreto-Lei vigente, e que, em seu artigo 25, quando regula a
habilitação das concorrências, estabelece que a documentação relativa a isso,
no mínimo será quanto à capacidade jurídica, técnica, financeira e, melhor
dito, à idoneidade financeira, e aí um parêntese, lembrai-vos das “maguefas”,
de saudosas memórias para uns e de triste memória para toda a cidade de Porto
Alegre. A idoneidade financeira do futuro adquirente desses lotes, e outro
aspecto que é um “calcanhar de Aquiles” da especulação imobiliária, a
regularidade fiscal. Porque o edital, cujo protótipo já se encontra aqui
dentro, não contém como requisitos indispensáveis a concorrência e outros
comprovantes, a capacidade jurídica, idoneidade financeira e tudo mais. São
interrogações que faço e que espero sejam respondidas aqui.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. é advogado e procurador, sugere que seja
concessão real de uso, pergunto: na concessão real de uso, o adquirente da
concessão pode construir um prédio? Creio que não! Aí perde o valor monetário.
Porque o valor que está previsto, na época de 120 milhões, agora já são 300
milhões. Se a pessoa não tiver condições de fazer o registro de imóveis não
consegue financiamento. Estou preocupado com este tipo de coisa.
O Sr. Paulo Sant’Ana: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) A respeito do aparte do Ver. Artur Zanella, quero
dizer que o Presidente Sarney, pela televisão, diz que há proposta de empresa
européia no sentido de construir a ferrovia Norte-Sul e explorá-la durante
trinta anos, findos os quais ela passaria ao domínio, uso e exploração da
União. Seria este o exemplo para concessão de uso que V. Exa. fala para o
presente Projeto?
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) É só para dizer que seria melhor se fosse verdade
aquela carta, mas a carta foi desmentida por seu erro de tradução.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, acompanho com muita atenção o seu
pronunciamento e gostaria de perguntar o seguinte: se um provável concorrente a
essa licitação que não tenha a sua situação regularizada junto ao fisco, que não
tenha sua vida funcional perfeitamente limpa pode fazer parte, segundo esse
edital desta licitação. Poderíamos até pensar, nós que somos considerados os
extremistas, que esse Edital, de uma certa maneira, já está preocupado com esse
tipo de coisa. Ou não?
O SR. CAIO LUSTOSA: Tudo indica que não haveria
razão para esse texto de edital se encontrar no Processo se o objetivo não
fosse esse de facilitar, digamos assim, os possíveis candidatos a essa compra.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Caio Lustosa, eu indago de V. Exa., dessas
reflexões que V. Exa. está fazendo. Em primeiro lugar, veja V. Exa. que no art.
4, § 2°, do Projeto, se prevê uma cláusula que, eu acho, se a venda for a
prazo, resolveria todas as questões, não entrando propriamente nas condições
peculiares da licitação, mas na cláusula relativa ao pacto comissório constante
nas vendas a serem feitas nesses lotes, o que daria uma segurança plena e total
ao Município. E, segundo essas condições que V. Exa. fala, evidentemente eu
entenderia que elas fazem parte daquelas condições mínimas peculiares ao
edital. Embora dessas não faça parte. Sou grato.
O SR. CAIO LUSTOSA: Agradeço o aparte e V. Exa.,
mas as condições mínimas são as contidas no Decreto-Lei que regula a matéria e
aquém disto o edital não pode ficar e neste edital que aí consta não há as
exigências que estão previstas no Decreto-Lei. Esta é uma advertência que me
cumpre fazer a esta Casa. Sabe bem V. Exa., Ver. Isaac Ainhorn, que, em termos de
contrato, a área imobiliária, uma vez praticadas ou omitidas certas
formalidades - e lembro novamente o caso da Maguefa, que está aí insolúvel
hoje, e estaria insolúvel antes, mesmo que não houvesse a quebradeira de seus
dirigentes -, uma vez praticadas ou deixadas omissas certas exigências que
assegurem ao Poder Público o mínimo de garantias, torna-se muito difícil a
recuperação de um patrimônio público, desde que ele seja perdido. É por aí que
vejo o risco que esta Casa assume de colocar à venda, dar autorização ao
Executivo para alienar, mediante concorrência, esses imóveis. Mas eu gostaria
de lembrar que também no aspecto substancial, para que não se diga que somos
contra as crianças desta Cidade e há uma manobra torpe muitas vezes neste
sentido, nós queremos dizer que acreditamos não ser necessária a venda nestes
moldes formulados para que as crianças tenham o atendimento que é tão reclamado
para as creches. Se houvesse uma avaliação dos espaços existentes, se houvesse
uma concatenação de esforços a nível estadual e municipal, estas creches
poderiam ser, não moldes de grandes prédios, de grandes construções, mas
descentralizadas, atendendo 10, 20 ou 30 crianças, conforme a possibilidade a
ser estudada. Portanto, não é, ao meu ver, condição imprescindível e não se
jogue contra aqueles que estão votando contra a alienação dos terrenos a pecha
de estarem sendo contra o atendimento às crianças, mesmo porque o atendimento
das creches de Porto Alegre tem vindo em diminuição a partir de 82.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Ver. Caio Lustosa, a Verª
Bernadete Vidal se inscreve e cede seu tempo a V. Exa.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): A Câmara instituiu uma
espécie de tribuna livre, como eu chamo, e isto é feito todas as
segundas-feiras, às 20 horas. Eu gostaria de saber se a reunião de hoje foi
cancelada, porque eu recebi o aviso que passou do dia 15 para o dia 29.
A Sra. Bernadete Vidal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Respondendo à Questão de Ordem do Ver. Artur Zanella,
informo que a reunião de hoje foi cancelada. Ver. Caio Lustosa, eu estou muito
preocupada com a votação deste Projeto, não só pela área nobre que está sendo
posta para que a Câmara autorize a venda, como pelos motivos que V. Exa.
falava. Na quarta-feira passada, nós estávamos falando, na Comissão do Menor da
Casa, que as próprias associações dos bairros estão gerenciando creches muito
melhor do que o Poder Público. Com repasse de verbas escassas fazem milagres,
coisa que a população e as mães crecheiras sabem fazer muito bem. Estão
querendo dourar a pílula, caindo num lugar comum, mas é o que estão fazendo.
Estou muito preocupada em votar um projeto desta envergadura. V. Exa. me alerta
para uma dificuldade que eu tinha de ler tantos projetos e V. Exa. me alerta
para o problema das licitações. Eu, que estava pensando em votar a favor,
pediria que fosse retirado o Projeto, pois não há condições de votar, assim.
O SR. CAIO LUSTOSA: O aparte da Verª Bernadete
Vidal vem trazer-me elementos que eu iria relacionar a seguir.
O SR. PAULO SANT’ANA (Questão de Ordem): Gostaria de saber se a Verª
Bernadete Vidal formalizou o Requerimento? Ela diz que o presente Projeto não
pode ser votado.
A SRA. BERNADETE VIDAL (Questão de Ordem): Só fiz uma sugestão, em
aparte ao Ver. Caio Lustosa, ao Líder do PDT, para que retirasse o Projeto.
O SR. PRESIDENTE: A Verª Bernadete Vidal nem poderia ter feito
um Requerimento, o mesmo teria de ser encaminhado pelo Líder do seu Partido,
Ver. Cleom Guatimozim.
O SR. CAIO LUSTOSA: Quando me aparteou a Verª
Bernadete Vidal, eu ia arrolar dados que revelam como o atendimento das creches
nesta Cidade, a partir de 82, sofreu um descenso e justamente agora, nos dois
anos da Administração trabalhista, atingiu seus níveis, atendimento dos centros
infantis, os mais baixos no período 81-85. Em 81 foram atendidas 825 crianças
nos Centros Infantis, em 82, 905; em 83, vejam V.Exas., foi 821; em 84, foi
693; em 85, 719; em 86, 687 crianças atendidas, o que revela, segundo fontes
contidas no relatório do Executivo de 1986, que é um decréscimo de atendimento
das creches desta Cidade, mantidas pelo Município, e esta assertiva da Verª
Bernadete Vidal nós ouvimos em cada contato que mantemos em bairros e vilas
desta Cidade. São entidades comunitárias que tem toda uma pobre estrutura até,
simples, singela, mas em condição de dar um atendimento de creche às crianças,
mas não pode fazê-lo porque não há o mínimo de recursos saídos do Orçamento do
Município. Portanto, a questão não é de se criar creches suntuosas, construções
que sabemos que não ficam prontas de um dia para outro, mas aproveitar a
capacidade ociosa das creches das próprias comunidades, que com os seus parcos
recursos foram montando e conquistando a cada dia.
A Sra. Bernadete Vidal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) É porque tenho recebido depoimentos e hoje ainda recebi de uma
associação evangélica luterana, de que há casas em Porto Alegre, na Protásio
Alves e mais quatro locais que ela me citou, locais que estão abandonados, como
V. Exa. dizia, que estão abandonados e que podem muito bem ser usados, desde
que o Poder Público resolva fazer alguma coisa. Não precisa construir de
imediato.
O SR. CAIO LUSTOSA: Para finalizar, temos de
situar nossa análise em cinco Emendas apresentadas a este Projeto. Uma, do Ver.
Hermes Dutra, que é relativa a contemplar com até 10% dos recursos previstos no
Projeto de Lei, se aprovado, naturalmente, para a construção de unidades de
atendimento a pessoas portadoras de deficiência física, independente da idade,
não apenas crianças. Outra Emenda, do Ver. Lauro Hagemann, tentando fazer com
que os recursos a serem obtidos, a chamada Lei Calmon, 7.348, lei federal,
sejam utilizados exclusivamente no custeio do pessoal necessário ao atendimento
das creches porventura criadas com a aprovação deste Projeto. É uma providência
indispensável, porque não basta autorizar a construção do espaço físico para
uma creche, quando o mais importante, sabemos, é a manutenção, é a alimentação,
é o pessoal, os recursos humanos a darem o atendimento de cada dia.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. foi Relator-Geral. Esses recursos oriundos da
Lei nº 7.348 são para atender somente estas Casas da Criança ou de todas as
creches do Município?
O SR. CAIO LUSTOSA: A Emenda do Ver. Lauro
Hagemann, V. Exa. pode confirmar, justamente é para as creches a serem criadas
com a aprovação deste Projeto.
O Sr. Artur Zanella: Não está escrito na Emenda.
O SR. CAIO LUSTOSA: Já que a lei é específica a
um projeto de lei, das chamadas Casas da Criança ...
O Sr. Artur Zanella: Mas no momento em que é
aprovada a primeira Emenda, que fala em casas para deficientes de qualquer
idade, então, já não é mais criança.
O SR. CAIO LUSTOSA: Bem, aí, realmente, há essa
observação que acho procedente de parte de V. Exa. É um aditamento que nós,
avaliando o aspecto humano e assistencial da Emenda do Ver. Hermes Dutra,
achamos de bom alvitre acolher a Emenda do Ver. Hermes Dutra, assim como esta
do Ver. Lauro Hagemann. Existem mais duas Emendas - a do Ver. Antonio
Hohlfeldt, V. Exa. tem em mãos - que são, justamente, para evitar, se não for
possível evitar a aprovação do Projeto, evitar, ao menos, que haja um
enriquecimento ilícito, mais um, da iniciativa privada, com a compra desses
terrenos. É a questão do pagamento parcelado que, por incrível que pareça, o
Projeto não prevê reajustes ou prevê reajustes não-condizentes com a
valorização imobiliária que se opera nesta Cidade.
A Sra. Bernadete Vidal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) É que o Ver. Hermes Dutra contemplava, apesar da redação um pouco
diferente, com esta Emenda, as pessoas de vida vegetativa, independentemente de
idade.
O SR. CAIO LUSTOSA: Para finalizar, Sr.
Presidente, quero aludir, por último, a uma Emenda assinada pela Liderança do
PFL, que, a meu ver, era bastante excrescente ao Projeto no momento que com os
recursos à Casa da Criança previa a construção de um quartel da Brigada
Militar, dentro da Vila Restinga, com o objetivo de dar segurança às crianças e
a seus familiares.
O SR. PRESIDENTE: Solicito, por gentileza, que V. Exa. conclua
seu pronunciamento.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Queria incluir o brilhante aparte do Ver. Antonio
Hohlfeldt, que diz que os brigadianos vão lá para bater nas crianças. É para
ver o mínimo de consciência que as pessoas têm!
O SR. CAIO LUSTOSA: Concluindo, Sr. Presidente,
espero que esta Câmara, com todas essas ressalvas, veja que não tem condições
de aprovar o Projeto como está, mas, ao que tudo indica, já há um apoio
bastante firmado em torno dele e só nos resta rezar para que Porto Alegre tenha
um futuro melhor. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra, para discutir, com o Ver. Hermes
Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, acho que hoje ainda não tive oportunidade de usar a tribuna para
diminuir um pouco o número de discursos que, para meu gosto, já estão além do
que o ouvido normal permite. Mas quero falar sobre este Projeto porque tenho
algumas respostas a dar não ao Sr. Prefeito ou à Senhora Secretária da
Educação, mas também aos porto-alegrenses em geral. Quando este Projeto veio,
noutra vez, votei contra. Agora, votarei favoravelmente e digo o porquê. Naquela
oportunidade, se fariam modificações no Plano. Dizia que se vai vender um
terreno numa área privilegiada da Cidade, no qual se pode construir edifício de
até cinco andares, ele terá um valor “x”. Se a pessoa compra-o e dali a três ou
dois meses se autoriza a construção de dez andares, aquele valor vai ser outro.
Essa diferença irá para o bolso daquele que adquiriu os terrenos. Por isso
votei contra. Desta feita, já vou justificar meu voto favorável. Em primeiro
lugar, porque as modificações já foram feitas no Plano. Não me lembro se essa
área foi beneficiada com as modificações, mas se foi, valorizou, e essa
valorização irá para os cofres municipais. Agora será a Prefeitura quem vai
ganhar com a modificação do Plano e não mais os particulares. Então, se pode
construir o dobro de andares, se o índice for aumentado quatro vezes, a
diferença, que é volumosa em recursos, vem para o cofre municipal. Tive o
cuidado de examinar o Projeto em função de dúvidas que vários companheiros me
levantaram em conversas. Quanto ao art. 5°, não muda em nada o que digo, pois
se trata de valores mínimos, à época, para que não seja feita nenhuma proposta
menor do que essa. É algo perfeito; pelo menos a meu juízo é perfeitamente
normal, mas acho que o Prefeito cometeu um erro, e faço esta crítica da
tribuna, porque ao tentar dourar a pílula para nós, conseguiu o impossível,
mandar um projeto que pouca gente entendeu. Porque o objetivo que era a
construção das Casas da Criança - já deferido no outro projeto -, para isso
precisa de dinheiro, esse dinheiro seria conseguido com a venda de terrenos. Aí
o projeto foi rejeitado. Manda outro projeto para cá e coloca um monte de
coisas dentro, que efetivamente não consegui entender, falou em “Nenhuma
criança sem escola”, “iniciação profissional”, em “Centros Integrados de
Educação Municipal” e um monte de coisas que está confuso. E um dos oradores,
sem querer, falou que as verbas poderiam ser destinadas, até, para essas outras
partes, o que me obrigou a uma leitura mais atenta ainda, para chegarmos ao
art. 2°, parágrafo 1°, que diz que “a casa da criança utilizará os recursos
autorizados no art. 4°”. E no art. 4° são exatamente os recursos oriundos da
venda dos próprios municipais. Donde se pode concluir de forma clara que os
outros três penduricalhos que tem aqui não vão usufruir recurso nenhum. Ora, se
não vão usufruir recurso nenhum, era perfeitamente despicienda a sua colocação.
Mas me referia
que por esse motivo vou votar a favor. Acho e quero dizer aqui que dou razão
aos Vereadores que estão se opondo ao Projeto, porque a minha própria decisão
fica numa linha divisória muito fina, porque, realmente, a questão é de se
questionar a relação custo-benefício. Até que ponto pode o Município
desfazer-se de áreas valiosíssimas para construir equipamentos, também
valiosíssimos, se são para atender crianças. Efetivamente, é uma questão que
somente o foro íntimo de cada um pode responder.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, eu não pretendo ocupar a tribuna e eu me
valho de V. Exa. V. Exa. pergunta e eu acho que é esta a questão que nos
preocupa, a relação custo-benefício. Eu admito até que se de repente nos
propuséssemos a criar as Casas da Criança e não mencionassem as cem casas, até
desse para a gente começar a conversar. Note bem que cem casas não se vão
construir com esse valor, em hipótese alguma. Eu me dei ao trabalho de me valer
dos dados técnicos disponíveis, ou seja, verificar o preço do cubo, e estou
trabalhando até com preço defasado, porque o preço, ainda consultado hoje na
“Gazeta Mercantil” e no Sindicato, está dando oito mil, quatrocentos e vinte e
três, na verdade parece que já está em nove mil e uns quebrados. Mas vamos
trabalhar com oito mil, quatrocentos e vinte e três. Nos valores do Projeto de
cento e vinte e oito milhões de cruzados, que é a previsão da arrecadação, nós
chegaríamos a uma disponibilidade de 15.194m², o que daria, dividido por cem
prédios, de 152m², significa três salas em cada prédio, sem equipamento algum.
Três salas em torno de 50m² bem entendido. Quando, na verdade, a exigência
técnica é de 2m² por criança, o que daria um total mínimo de 240m² para cada
construção. Se nós atualizarmos o valor de OTNs, nós chegaríamos a qualquer
coisa de 207 milhões. E essa diferença, em tão poucos meses, nos mostra a
defasagem dos preços e a motivação das nossas Emendas, inclusive tentando
acompanhar o processo inflacionário. Com 207 milhões de cruzados, nós podemos
chegar a 245m² em cada construção. Mas é evidente que nós já não temos mais o
cubo em oito mil, quatrocentos e vinte e três cruzados. Então, o que eu tenho a
dizer é que me parece que falar em cem casas é um número ritualista, um número
mágico, caiu na cabeça os cem e realmente nós não vamos construir cem casas em
hipótese alguma. Vamos construir, vamos admitir, vinte casas, dez casas, com
todos os equipamentos necessários, fogão industrial, porque há uma previsão de
120 crianças por instituição. Acho muita criança numa instituição, nós podemos
de repente depositar essas crianças lá e não ter um treinamento dos monitores,
dos enfermeiros, dos professores. Me parece que a discussão tem dois aspectos,
um é a relação custo-benefício, se vale a pena vender as áreas para fazer isto.
E eu, pessoalmente, acho que não vale a pena. A segunda questão é saber se
realmente com este dinheiro se conseguirá encaminhar um projeto que, na sua
definição teórica, é até interessante, mas me parece que na concretização, no
contexto da crise, é complicado.
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): O Ver. Getúlio Brizolla se
inscreve e cede seu tempo a V. Exa.
O SR. HERMES DUTRA: Agradeço. Quero dizer que
concordo com V. Exa. e acho que é impossível construir 100 Casas da Criança.
Agora, se o Prefeito resolveu colocar numa lei que vai construir 100 casas,
isto é, como se diz na minha terra: “quem pariu Mateus que o embale”. Se ele
está dizendo que assume a responsabilidade, inclusive administrativa. Quanto
aos valores, eu mandei fazer um pequeno estudo em relação a isto e chegamos a
conclusões interessantes. Em primeiro lugar, como se trata de construções que
fogem um pouco, poderia se reduzir o custo, mas não se chegaria a esse número
que se quer fazer. Como acredito que essas áreas tenham sido valorizadas com as
modificações de se fez no Plano Diretor, teríamos mais recursos, mas, de
qualquer forma, não daria para construir as 100. Quanto ao problema da
administração das creches, eu até acho que não podem dar certo se forem
administradas pela comunidade, mas a grande verdade é que tem sido péssimo o
exemplo da administração pública. Se subirmos o morro e vermos a FEBEM ao lado
do Instituto São João Batista, dirigido por freiras, vamos ver a diferença de
cada uma dessas instituições e o custo que cada uma traz para o Estado. A da
FEBEM tem 80 funcionários e a das freiras tem meia dúzia, atendendo o mesmo
número de crianças. Quando se chega na das freiras dá gosto de ver, não tem nem
o cheiro horroroso das outras. Na FEBEM, quando um funcionário não está em
perícia, entrou em gala, em nojo, etc., e nunca estão lá os funcionários.
Então, como experiência, acho que se poderia fazer esta Casa para a comunidade
administrar. Mas a grande questão é - e esse é um ponto de interrogação que eu
também tenho - é a seguinte: a que tipo de comunidade serão entregues estas
instituições? Não adianta fazer uma creche no interior do Morro da Cruz, onde a
comunidade é extremamente carente e ela só não poderá sustentar a creche.
Entretanto, se fizermos uma instituição no mesmo lugar, mas que seja entregue a
uma determinada instituição que receba o apoio da comunidade, certamente ela
poderá manter aquela creche e será melhor do que não ter nada, como nos dias de
hoje.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Naquele momento, eu queria ajudar os cálculos de V.
Exa. e do Ver. Antonio Hohlfeldt. Pela Emenda n° 02, os senhores têm que
incluir nos seus cálculos que 57% dos recursos previstos já vão, não para a
construção, mas exclusivamente para custeio do pessoal necessário. Então, tem
que tirar 57% do valor dos seus cálculos. A Lei 7.348 está prevista para
construção das casas. No momento em que os recursos desta Lei sejam usados
exclusivamente no custeio de pessoal utilizado para manutenção das creches, que
é a Emenda n° 02, pelos meus cálculos, 57% dos recursos já passam para o
custeio e não para a construção.
O SR. HERMES DUTRA: Não sei se eu entendi bem,
talvez não. O que disse é: com os recursos das vendas dos terrenos se faria a
construção física, e aí valeriam os cálculos que o Ver. Antonio Hohlfeldt fez,
e, na idéia do Ver. Lauro Hagemann, o Município daria assistência de custeio,
coisa que não está prevista no Projeto. O Ver. Lauro Hagemann está inovando a
idéia do Prefeito. Com os recursos dessa Lei Federal, ficaria apoio de custeio.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O Projeto fala num custo total de construção de 304
milhões de cruzados, sendo que o terreno dará 128 milhões, correspondentes a
43%. O resto vem da Lei 7.348 que, neste momento, se aprovada a Emenda, caiu
fora da construção.
O SR. HERMES DUTRA: Quero me manifestar em
relação às Emendas, particularmente à minha Emenda de que o Prefeito poderia
aplicar até 10% dos valores arrecadados com a venda dos terrenos para a
construção de unidades de atendimento a crianças portadoras de deficiência
física e/ou mental. Justifico o porquê dessa Emenda, pois a lei tem de ser a
mais abrangente possível e como o Projeto prevê atendimento para crianças de 0
a 7 anos, as crianças excepcionais não podem ter somente o atendimento nesse
período. A Verª Bernadete Vidal me alertou para um ângulo na minha Emenda de
que havia colocado “criança” em vez de “pessoas excepcionais”, porque o
excepcional em caráter vegetativo, com 20, 30, 40 anos, é a mesma pessoa. Teoricamente,
se houvesse uma ajuda para excepcional, neste Projeto, fatalmente, pelo
espírito da lei, ao atingir 7 anos, teria de cessar. A Emenda é numa tentativa
de abrir um leque para que se possa aplicar nessa área.
A Sra. Bernadete Vidal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Tomara que este Projeto não passe e se passar votarei
na sua Emenda. A construção, apesar de haver casas alugadas, não há falta, mas
sim repasse de verbas para manutenção. Se fizermos uma campanha hoje, eu faço como
V. Exa., a gente constrói uma casa; agora, manter estas entidades como a LBA,
gastando mais com a sua estrutura do que com a atividade fim, que é o
atendimento a essas crianças menores, deficientes, idosos, com toda esta
estrutura caríssima que o Estado tem, e até que se faça, é o mínimo. Por isso
eu vou votar contra, porque construir não vai resolver o problema do menor em
Porto Alegre.
O SR. NILTON COMIN (Questão de Ordem): Sra. Presidente, não há uma
pessoa humana capaz de trabalhar dez horas por dia e ter condições de ter
percepção daquilo que se está dizendo. É impossível uma Câmara de Vereadores
dez horas trabalhando. Eu lamento que tenha gente aqui que ainda consegue ouvir
projetos, mas eu não tenho mais condições de discernir o que está certo do que
está errado. Eu peço a V. Exa. que encerre a Sessão.
A SRA. PRESIDENTE: Esgotado o prazo regimental,
declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão e convoco os Srs. Vereadores
para a Sessão Extraordinária, a seguir.
(Levanta-se a Sessão às
20h15min.)
* * * * *